No relatório final que será apresentado entre 15 e 20 de março, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios confirmará que houve o pagamento de ?mensalão? a parlamentares aliados ao governo, oferecendo informações mais consistentes sobre as fontes de recursos, os beneficiários e a relação com eventuais votações na Câmara, exibindo os valores, datas e forma de repasse dos recursos. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) será incluído também como beneficiário do ?valerioduto? em 1998, quando disputou a reeleição para o governo de Minas Gerais. A CPMI poderá recomendar o indiciamento de Azeredo, mas está afastada a possibilidade de pedir a abertura de processo por falta de decoro parlamentar.
Cauteloso, o presidente da CPMI, Delcídio Amaral (PT-MS) não quis antecipar se o documento final incluirá outros parlamentares. No relatório parcial que foi encaminhado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, foram listados 18 deputados. ?Estamos cruzando os novos dados, inclusive, aproveitando dados de quebra de sigilo da CPMI do ?Mensalão?, para verificar se vem alguma coisa nova?, afirmou. O relator da CPMI dos Correios encomendou também à assessoria técnica e a todos os sub-relatores que façam demonstrativos de todos os beneficiários dos pagamentos feitos a partidos e parlamentares.
O principal objetivo agora da CPMI é aprofundar os dados para relacionar os saques com as votações de matérias de interesse da administração federal na Câmara. No esboço divulgado ontem, além dos empréstimos dos bancos Rural e BMG, o esquema do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza teria sido montado tendo também como origem dos recursos o fundo da Visanet, financiamentos privados e recursos externos.
Em relação ao financiamento privado, a CPMI conclui as investigações dos repasses da Telemig Celular, Amazônia Celular e Usiminas para as agências de publicidade DNA Propaganda e SMP&B, de Valério. Não faltarão no parecer final os detalhes dos contratos das agências de publicidade com órgãos públicos, como as Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), ministérios dos Esportes e Trabalho, Banco do Brasil (BB) e Correios. A CPI compila também as informações do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o IRB-Brasil. No capítulo dedicado ao IRB-Brasil, constará dados sobre a auditoria interna da empresa. A situação dos fundos de pensão também receberá um tratamento detalhado no documento final segundo esboço feito pela CPMI.
Para evitar as dificuldades que aconteceram com as CPIs do ?Mensalão? e Banestado, que divulgaram os relatórios perto do prazo de encerramento, o líder do PT no Senado e presidente da CPI dos Correios disse que os parlamentares agora terão tempo para discutir o documento antes de votá-lo. Oficialmente, a CPI terminará em 15 de abril, mas os integrantes decidiram pela antecipação. Amaral afastou também a possibilidade de um relatório alternativo pelo PT. ?Isso não existe, o que existe é voto em separado?, concluiu.