O promotor Marcelo Mendroni, do Ministério Público (MP) de São Paulo, apresentou nesta terça-feira (23) um relatório sobre investigações realizadas em três entidades filantrópicas mantidas pela Igreja Renascer em Cristo, acusando os bispos da igreja, o casal Estevam e Sônia Hernandes, de promover lavagem de dinheiro coletado junto aos fiéis. Mendroni obteve no dia 10 deste mês mandado de busca e apreensão nas entidades Núcleo Especial Renascer de Heliópolis (São Paulo), Centro de Recuperação de Santana (Santana do Parnaíba) e Casa Lar (Franco da Rocha).

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Segundo o MP, as condições das unidades eram precárias. Para o promotor, isso mostraria que as instituições serviam de fachada para o enriquecimento dos líderes da Igreja Renascer. A busca foi realizada por membros do MP, do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia e oficiais de Justiça. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público, em setembro do ano passado o casal Hernandes – que cumpre pena nos Estados Unidos por tentar passar pela alfândega sem declarar dinheiro que trazia escondido – foi ouvido sobre as acusações de lavagem de dinheiro e não apresentou notas fiscais que comprovassem as doações às entidades filantrópicas.

Mendroni, ao lado do delegado Antonio Sucupira Neto, do GOE, apresentou ainda fotos que comprovavam as más condições das entidades. Uma imagem mostrava feijão com data de validade vencida que seria consumido, outra mostrava crianças realizando a limpeza da unidade e outra, mais impressionante, mostrava um saco cheio de baratas mortas após uma dedetização.

‘Ressentimento’

Por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa, a Igreja Renascer em Cristo contestou o relatório do promotor e afirmou que Mendroni fez as acusações "talvez movido pelo ressentimento (está sendo processado pela Renascer)". A Igreja se disse "perplexa e indignada" e convidou a imprensa para conhecer as entidades filantrópicas citadas. "O promotor Mendroni, para que as luzes das tevês o iluminem, ouve apenas desafetos; ouve apenas pessoas desequilibradas, que pensam que assim se vingam de seus próprios fracassos."

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Além de criticar o relatório, a Renascer ainda condena a ação para cumprir o mandado de busca e apreensão, realizada no dia 10. "Foram nestas entidades que, a pedido do promotor Marcelo Mendroni, o Grupo de Operações Especiais da Polícia, GOE, visitou – uma verdadeira tropa de elite, pesadamente armada, com metralhadoras e escopetas, apontadas para crianças, adolescentes e dependentes químicos em recuperação." A Igreja encerra a nota dizendo-se vítima de perseguição religiosa "das mais cruéis que se tem notícia neste País".