Relatório apresentado pela delegação do Brasil na 58.ª Assembléia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que terminou hoje, em Lima, afirma que no último ano “ocorreram no País os piores casos de censura desde a época da ditadura militar”. O relatório, considerado o “mais grave sobre a liberdade de imprensa” no Brasil nos últimos 20 anos, teve aprovação unânime da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP.
O documento mostra o assassinato, nos últimos seis meses do repórter Tim Lopes, da Rede Globo, e de Domingos Sávio Brandão, diretor da Folha do Estado (MT), casos que ainda não foram totalmente esclarecidos. Além disso, destaca que os jornalistas Silvio Martinello, Aloysio Abreu, Samar Razzak e Fernanda de Luca foram ameaçados, e Jefferson Botega, Marcelo Fraga, Saulo Borges e Joana Queiroz, agredidos.
A denúncia também inclui atos de censura por meio de resoluções judiciais e de funcionários do governo, assim como o início de processos contra jornalistas da Rádio Gaúcha, do jornal Zero Hora, da TV Record e das revistas Brasília em Dia e Veja.
Linha dura
Já o relatório dos jornalistas americanos aponta que os Estados Unidos adotaram “uma linha de ação mais dura”, ao restringir “certas liberdades” depois do 11 de Setembro. Segundo eles, as empresas jornalísticas têm até lutado na Justiça para obter mais informações sobre as mais de 200 pessoas que estão presas como testemunhas ou suspeitas de crimes relacionados ao terrorismo. O governo nega-se a divulgar seus nomes.
Em suas conclusões, a SIP fez enérgica condenação ao governo venezuelano, pela “violação sistemática da liberdade de expressão e de imprensa”, exortou a Colômbia a adotar medidas para garantir o exercício jornalístico, manifestou sua preocupação com a existência de legislações ou projetos de lei que ameaçam esse exercício em países como Equador, El Salvador, Honduras, Panamá, Nicarágua, República Dominicana e Guatemala e ressaltou a “violação do direito do povo cubano de obter informações sobre assuntos de seu interesse”.
Ao término da assembléia, a SIP apresentou seu novo presidente, Andrés García Gamboa, diretor do jornal Novedades, do México.