Brasília – O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), não apontou nesta terça-feira (25) em seu relatório final o que pode ter causado o acidente com o Airbus A320 da TAM em 17 de julho, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O relator diz que é preciso aguardar as investigações do Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
"Deve se ter em conta que a apuração e a análise subseqüente ficaram restritas, pois há uma série de elementos informativos fora do alcance da comissão, só disponíveis para os investigadores do Cenipa", afirma no relatório.
Maia afirma ainda que as informações que a CPI obteve são insuficientes para apontar de quem foi a responsabilidade sobre o acidente. "O laudo pericial sobre o conjunto das manetes do Airbus que poderá nos dar a identificação se as manetes foram ou não deslocadas da posição Idle (ponto morto) para Climb (acelerar). Esta é uma informação que nós ainda não temos, e, portanto, ela não nos permite afirmar se a responsabilidade foi do equipamento ou do computador da aeronave ou dos pilotos", explica.
Segundo informações divulgadas na imprensa, há indícios de que uma da manetes do avião estava na posição acelerar durante o pouso, o que teria feito com que os pilotos não conseguissem parar o avião.
De acordo com o relatório, ?não se pode descartar que o fabricante do avião, a Airbus, tenha alguma responsabilidade sobre o acidente. Entre os fatores, estão o grande automatismo da aeronave, que retira dos pilotos grande parte dos comandos de funcionamento, e também o fato da empresa fabricante não ter sido taxativa sobre quando informou às empresas que o sistema automático de frenagem aerodinâmica da aeronave falharia caso os manetes dos dois motores não fossem colocadas na posição de reversos após o pouso".
Em novembro de 2006, a Airbus emitiu um boletim técnico às companhias aéreas alterando os princípios que deveriam ser adotados para uso das manetes durante o pouso das aeronaves.
O relatório não isenta a TAM. "Faltou ação efetiva da empresa aérea para que seus pilotos não mais se utilizassem procedimento superado para a aterrissagem com o Airbus A320, contrariando recomendação do fabricante repassada pela própria empresa aos seus pilotos, em 27 de março de 2007", afirma o relatório.
A votação do relatório deve acontecer na próxima semana, por causa do pedido de vista coletiva pelos deputados presentes na reunião de apresentação do CPI. Os deputados têm o prazo de duas sessões ordinárias para votar o relatório.