Foto: Lindomar Cruz/Agência Brasil

Palocci: indiciamento.

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O relatório final da CPI dos Bingos pedirá o indiciamento ou detalhará suspeitas que recaem sobre alguns dos petistas mais próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. O próprio Lula será citado em pelo menos dois trechos, mas o relator, Garibaldi Alves (PMDB-RN), diz que não tem elementos para pedir ao Ministério Público a investigação do presidente. Serão citados também o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e o compadre de Lula, Roberto Teixeira. Os técnicos da CPI continuam buscando elementos para o pedido de indiciamento de Carvalho e Dirceu.

No documento final, que deverá ser concluído dia 31 de maio e votado em 6 de junho, Garibaldi ratificará indiciamentos de Palocci já feitos pela Polícia Civil de São Paulo e pela Polícia Federal. No primeiro caso, o relator diz estar convencido de que Palocci tinha conhecimento de um esquema de corrupção em Ribeirão Preto, no período que administrou a cidade. Neste caso, será pedido o indiciamento dos integrantes da chamada República de Ribeirão, grupo que assessorava o ex-ministro na prefeitura e foi levado para Brasília depois da eleição de Lula.

No segundo caso, Garibaldi apontará Palocci como responsável pela violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Será indicado como co-autor do crime o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso. "Sabe-se que a situação de alguns investigados agravou-se bastante, como o ministro Palocci, o Jorge Mattoso e outros", disse Garibaldi.

No caso de Okamotto, Garibaldi disse que, "mineiramente" deverá sugerir mais investigações, mas ressalvou que ainda não tem elementos para recomendar o indiciamento do presidente do Sebrae. O relator contará em detalhes não só as denúncias feitas pelo ex-petista Paulo de Tarso Venceslau como relatará os recursos de Okamotto ao Supremo Tribunal Federal (STF), que impediram a CPI de analisar os dados do sigilo bancário do presidente do Sebrae. "Okamotto vai entrar no relatório como fujão", brincou um parlamentar com Garibaldi. "Estamos impossibilitados de quebrar o sigilo do Okamotto. Faremos um relato de até onde foi possível constatar responsabilidades", disse o relator. Okamotto é acusado por Paulo de Tarso de comandar um esquema de arrecadação de dinheiro de caixa 2 de empresas fornecedoras de prefeituras petistas para as campanhas do partido.

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Um dos trechos em que o presidente Lula será citado refere-se às denúncias de Paulo de Tarso. O ex-petista diz que denunciou a Lula, há oito anos, o esquema de corrupção nas prefeituras e que, além de Okamotto, estava envolvido também o compadre do presidente Roberto Teixeira. Segundo Paulo de Tarso, Lula mandou que procurasse Teixeira. Paulo de Tarso repetiu as denúncias em reunião com Lula, Teixeira e José Dirceu. O ex-petista descreveu o encontro, em depoimento à CPI, como "conversa de surdos-mudos" porque as acusações, segundo ele, não foram levadas a sério.

A segunda citação a Lula será sobre as suspeitas quanto à origem do dinheiro usado por Okamotto para pagar uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT e para pagar despesas de R$ 26 mil da filha de Lula, Lurian. Uma terceira citação a Lula deverá ser feita se a CPI conseguir avançar na suspeita de que dois donos de bingos fizeram uma doação de R$ 1 milhão ao caixa 2 da campanha do presidente, em 2002.

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Plesbiscito sobre bingos pode acontecer em 2008

Brasília (ABr) – Os integrantes da CPI dos Bingos deixarão a cargo da população a decisão sobre o funcionamento das casas de bingo. Essas casas de jogos estariam envolvidas em esquema de corrupção, de lavagem de dinheiro e em desvio de recursos para partidos políticos.

O relatório final da comissão vai sugerir uma consulta popular para definir o futuro do setor no Brasil. O processo de consulta estaria vinculado às eleições municipais de 2008, para que os custos fossem reduzidos. "Se a população for contra a regulamentação dos jogos, o Congresso Nacional tem que fazer de uma vez por todas uma lei que proíba. O que acontece hoje é que não temos leis que proíbam, nem para que funcionem e por isso a facilidade para a lavagem de recursos", afirmou o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB).

Em 2004, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou  medida provisória que extinguia as casas de bingo no País. Os oposicionistas, no entanto, derrubaram a MP em votação no Senado.

Celso Daniel: morte teria sido crime político

Brasília (AE) – Um capítulo do relatório final da CPI dos Bingos será dedicado à tese de que motivações políticas levaram ao assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, do PT, em 2002. Ao contrário da convicção da Polícia Civil de São Paulo, que aponta seqüestro como causa do homicídio, o relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), dirá que o prefeito morreu porque reagiu a um esquema de desvio de dinheiro que envolvia empresas de transporte e de limpeza urbana que prestavam serviço ao governo municipal. A hipótese de crime político tem sido descartada também pelo presidente Lula e pelos principais líderes do PT.

Garibaldi disse ontem que não citará possíveis suspeitos de autoria do assassinato, mas apontará os supostos envolvidos no esquema de corrupção. Entre os indiciados pela CPI, estarão o ex-secretário municipal Klinger Luiz de Oliveira Souza e os empresários Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, que estava com Celso Daniel no momento do seqüestro.

O relator detalhará denúncia do irmão do prefeito, João Francisco, de que ouviu do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, que o dinheiro do esquema de corrupção era levado ao ex-ministro José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam que tenham qualquer envolvimento no suposto esquema de desvio de recursos na cidade paulista. Garibaldi afirmou que, por enquanto, não tem elementos para indiciar Dirceu e Carvalho neste caso.