O relator da representação contra o Renan Calheiros (PMDB-AL), senador João Pedro (PT-AM), por suposto favorecimento do presidente do Senado à cervejaria Schincariol, deu indícios claros de que vai mandar arquivá-la. João Pedro afirma que "há uma manifestação política de que esta matéria (denúncia) não tem sustentação". Nesta terça-feira (4), Calheiros rebateu a denúncia de favorecimento na defesa escrita que encaminhou ao Conselho de Ética.
Ao contrário do que fez na primeira denúncia, quando se antecipou ao prazo final para se defender por escrito, o advogado de Calheiros, Eduardo Ferrão, deixou para rebater as acusações sobre as suposta ligações do senador com a empresa no final do período de tempo estipulados pelo regimento. Segundo reportagem da revista Veja, Renan teria atuado politicamente em favor da empresa para reduzir multas impostas à cervejaria no INSS e na Receita Federal. Em troca, a Schincariol pagou R$ 27 milhões pela fábrica de refrigerante pertencente a seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), que estava em situação deficitária.
O relator sinaliza ainda pelo arquivamento da representação quando diz que a sua decisão não se encaixa nas expectativas da opinião pública. "A opinião pública trabalha a partir da mídia. Mas existe um rito técnico de que nós precisamos assumir nossa responsabilidade", alega. João Pedro disse esperar que seu parecer seja examinado assim que o Conselho se desocupar da denúncia de que Calheiros teria contas pessoais pagas pelo lobista da empreiteira Mendes Júnior. O parecer pela cassação será votado amanhã.