O Conselho de Ética da Câmara adiou para amanhã a dicussão e votação do relatório do deputado Josias Quintal (PSB-RJ), que recomenda a cassação do mandato do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), acusado de receber recursos irregulares das contas do empresário Marcos Valério. O relatório já foi lido, mas o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) pediu vista.
Dois assessores de Queiroz aparecem na lista de Simone Vasconcellos, diretora da SMP&B, empresa de Marcos Valério. Eles fizeram dois saques, um de R$ 50 mil em julho de 2003 e outro de R$ 300 mil em janeiro de 2004. Além desses R$ 400 mil, o deputado mineiro recebeu R$ 102 mil da Usiminas via SMP&B. Em sua defesa, Queiroz argumentou que foi orientado pela direção nacional do PTB a fazer os saques para pagar despesas de campanha no estado.
Josias Quintal está convencido de que Queiroz não se apropriou dos recursos, mas que o dinheiro não foi declarado na Justiça Eleitoral, o que caracteriza o caixa dois, motivo pelo qual deve perder seu mandato. Queiroz disse que os R$ 102 mil que recebeu da Usiminas foram repassados para campanhas do interior do estado, mas não apresentou comprovação.
A votação do relatório em que pede a cassação de Queiroz, o primeiro dos 12 deputados que tiveram seus nomes associados diretamente a saques e a recebimento de dinheiro das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e que respondem a processo disciplinar na Câmara, está sendo considerado um termômetro. Ao votar o pedido de cassação do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), o Conselho de Ética também estará avaliando o uso de caixa dois nas campanhas eleitorais. O resultado da votação servirá de parâmetro para os demais processos, mesmo que cada um deles tenha suas próprias características.