Relator pede a cassação de Ney Suassuna

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Ney Suassuna: acusações pessoais a Jefferson Péres.

Relator no Conselho de Ética, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) pediu ontem a cassação do mandato do líder licenciado do PMDB, Ney Suassuna (PB), por entender que há fatos comprovando que ele operou ?para beneficiar interesses escusos com recursos públicos?. ?É pela ausência de controle demonstrada pelo senador, por seu desleixo com a coisa pública e com a dignidade e a respeitabilidade do cargo que ele está sendo julgado?, argumentou Péres.

Seu parecer recebeu pedido de vistas e só será votado dia 8 de novembro. No mesmo dia o atual líder do PMDB, senador Wellington Salgado (MG), vai apresentar um voto separado, pela absolvição de Suassuna, com maior chance de ser aprovado. Os acertos para livrá-lo da condenação, que o tornaria inelegível pelos próximos oito anos, une petistas, peemedebistas e até mesmo parlamentares da oposição, como o senador Jonas Pinheiro (PFL-MT). Além do presidente Lula, com quem ele esteve na quarta-feira.

Jonas justificou o voto em favor do colega, alegando que ?não acredita no Vedoin?, referindo-se aos empresários, donos da Planam, Darci e Luiz Antônio Vedoin, que acusaram 72 parlamentares, entre os quais Suassuna, de patrocinar a compra de ambulâncias superfaturadas com emendas do Orçamento da União.

Outros 10 dos 15 membros do conselho devem livrá-lo da acusação por entenderem que ele já foi punido com a derrota nas urnas no último domingo. No parecer, o relator Jefferson Péres aponta provas contra o assessor de Suassuna, Marcelo Carvalho, que foi preso pela Polícia Federal quando a quadrilha foi desbaratada. No seu entender, a confiança de Suassuna em Carvalho se justificava porque ?sua negociação com os prefeitos rendia ao senador uma propaganda direta junto ao eleitorado, utilizando-se como meio para tal bens de patrimônio público?.

Suassuna preferiu atacar no lugar de se defender. Ele acusou Péres de empregar sua mulher no gabinete. ?Minha mulher não é e nunca foi funcionária do meu gabinete?, retrucou o relator. ?É ela quem manda em tudo?, continuou Suassuna, ao que Péres pediu que ele ?não levasse a questão para o lado pessoal?. A mulher de Jefferson Péres, Marlídice, é juíza aposentada, ajuda eventualmente no gabinete, mas nunca ocupou cargo de confiança. Ney Suassuna voltou a dizer que foi traído. ?Até Cristo foi?, comparou.

Ele acusou o relator pela sua derrota, por entender que a decisão dos eleitores se deveu à repetição ?20 vezes? de uma entrevista em que Péres o declarava envolvido no esquema sanguessuga. ?Isso me fez perder seis pontos?, justificou. Disse ainda que, com a sua derrota, foi eleito ?um cidadão que já roubou R$ 100 milhões da prefeitura?, referindo-se ao candidato do PSDB, Cícero Lucena, que chegou a ser preso numa das operações da Polícia Federal contra gestores acusados de desviar recursos públicos.

Ética estuda o que fazer com não reeleitos

Brasília (AE) – Na primeira reunião do Conselho de Ética da Câmara após as eleições, deputados discutem o rumo dos processos abertos contra os deputados acusados de envolvimento com a chamada máfia dos sanguessugas que não foram reeleitos. O deputado José Carlos Araújo (PL-BA) defende prioridade para esses processos de modo que as acusações não sejam arquivadas ao final dos atuais mandatos. ?Precisamos arranjar uma forma de correr com esses processos para que eles não morram com o decurso de prazo e para não sermos acusados de protelação?, afirmou Araújo.

O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse, em entrevista ao chegar para a reunião que o trabalho de apuração será normal, sem prioridades para os processos contra os não reeleitos. Izar afirmou acreditar que a votação da maioria dos processos seja concluída até dezembro. Um problema adicional para o conselho é que 13 de seus integrantes também não se reelegeram no dia 1.º de outubro, e pelo menos dois deles – os deputados Moroni Torgan (PFL-CE), que perdeu a disputa por uma vaga no Senado, e Cláudio Magrão (PPS-SP) – já pediram para ser substituídos. Dos 49 deputados que respondem a processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara sob acusação de envolvimento com a máfia dos sanguessugas e concorreram nessa eleição, apenas seis foram vitoriosos.

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