Após ser denunciado por suspeitas de ser beneficiado por esquema de corrupção, o reitor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Januário Amaral, apresentou hoje o pedido de renúncia do cargo que ocupa no segundo mandato. A manutenção dele no cargo motivou uma crise na instituição, que estava em greve há 70 dias, e cujo prédio da reitoria era ocupado por estudantes grevistas há 50. A Unir é a única instituição pública de ensino superior do Estado.
Januário é alvo de mais de dez investigações no Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual, que acusa o reitor de participar de um esquema de desvio de verbas da Fundação Rio Madeira, ligada à instituição através de convênios ilegais, como pagamento de diárias, ajudas de custo, suprimentos de fundos e viagens sem comprovação da legalidade, funcionários fantasmas, compras e serviços superfaturados ou simplesmente não executados, contratados junto a empresas de fachada.
Para apurar os fatos, o MEC abriu uma sindicância, que deve se manifestar no próximo dia 24. Januário está no segundo mandato, que só deve terminar em 2015. Januário vinha se defendendo das denúncias, alegando que ele não foi indiciado, e as investigações do Ministério Público não conseguiram comprovar a participação dele em nenhuma ilegalidade e que a greve atendida interesses de professores contrários ao Reuni.
Após receberem a notícia da renúncia estudantes e professores anunciaram comemorações em todos os municípios que possuem campi. Januário deve se manifestar apenas amanhã durante entrevista coletiva.
Na última manifestação pública, na última segunda feira, 21, Januário apenas se defendeu das denúncias de desvio na Riomar, em resposta à matéria veiculada pelo Fantástico no domingo.
A situação de alguns cursos da instituição é precária, sem laboratório ou salas. O curso de medicina não tem ainda um hospital universitário. Um laudo do Corpo de Bombeiros sobre a situação do Campus de Porto Velho detectou mais de 30 irregularidades, que incluem problemas na rede elétrica e falta de medidas contra incêndio. Professores da instituição também denunciam falta de condições de trabalho.
O Ministério da Educação, através da Secretaria de Ensino Superior (SESU) estabeleceu uma comissão composta de alunos, professores e representantes da reitoria para garantir melhorias para a instituição e negociar o fim da greve. O pedido de renúncia deve ser encaminhado ao Palácio do Planalto, e a exoneração deverá ser publicada nos próximos dias. Mesmo com a exoneração, as investigações contra ele devem continuar em curso.
