Região Sudeste foi a única a reduzir taxas de assassinato

Um estudo do Banco Mundial divulgado hoje (22) aponta que as políticas de segurança adotadas por três estados do Sudeste foram importantes para reduzir os índices de homicídio na região. A Região Sudeste foi a única que teve queda na taxa de assassinatos no Brasil, entre 1998 e 2008, de acordo com dados da instituição internacional.

Entre as políticas citadas pelo banco estão ações policiais implantadas no estado de São Paulo, como o uso de um sistema de monitoramento de ocorrências criminais, disque-denúncia (em que cidadãos denunciam crimes) e a captura de criminosos responsáveis por múltiplos assassinatos.

São Paulo é o destaque da publicação do Banco Mundial, que mostra que, de 1999 a 2008, o estado reduziu em 66% a taxa de homicídios. A cidade de São Paulo teve queda de 76% nos assassinatos no mesmo período.

Já Minas Gerais é citada como exemplo por meio do programa de integração das polícias Civil e Militar, conhecido como Igesp, que permitiu a troca rápida e contínua de informações entre as corporações, a melhoria do treinamento policial e gerenciamento com base em resultados. O principal impacto foi sentido em Belo Horizonte, que diminuiu em 32,5% o número de homicídios, entre 2003 e 2008.

Políticas como a restrição da venda de bebidas alcoólicas à noite e na madrugada em São Paulo e o aumento da apreensão de armas nesses estados também contribuíram para a queda da taxa nesses locais.

Segundo o coordenador do estudo, Rodrigo Serrano-Berthet, as experiências podem ser levadas para outros estados do país, principalmente das regiões Norte e Nordeste, que tiveram os maiores aumentos nas taxas de homicídios no período.

“Há o caso de Pernambuco, que foi o único estado da Região Nordeste com queda nos homicídios. O Programa Pacto pela Vida [lançado pelo estado em 2007] é uma política que adotou as melhores práticas de São Paulo e Minas Gerais, como a criação do Departamento de Homicídios de São Paulo e a ideia do Igesp de Minas. Acho que os outros estados têm muito a aprender com esses modelos de segurança integrada”, disse.

De acordo com Berthet, outros fatores socioeconômicos também contribuíram para a queda de homicídios na região, como a redução da proporção de jovens de 15 a 29 anos na população (parcela que mais comete e é vítima desse tipo de crime), a redução das desigualdades sociais e a melhoria dos indicadores educacionais.

Um estudo feito pelo Banco Mundial com o Bolsa Família de São Paulo mostrou que o programa teve impacto na queda da violência, na medida em que permitiu que os jovens de 16 a 17 anos ficassem mais tempo na escola.

O Rio de Janeiro, com uma redução de 60% na taxa de homicídios entre 2002 e 2008, também é citado como um bom exemplo. As políticas recentes de unidades de Polícia Pacificadora (UPP), de concessão de remuneração extra para policiais em áreas com maiores reduções de crimes e a criação de regiões integradas de segurança pública foram criadas entre o final de 2008 e meados de 2009, portanto fora do período analisado pelo Banco Mundial.

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