Reforma sai até quinta e pode ser mais ampla

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início às consultas finais para definir as mudanças no ministério. O anúncio da reforma ministerial deve sair ainda esta semana, até quinta-feira, segundo o Palácio do Planalto. Ontem pela manhã, Lula se reuniu com os ministros José Dirceu, Luís Dulci e Luiz Gushiken e com o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante, para ouvir sugestões e avaliações sobre o desempenho do governo nas diversas áreas.

Segundo um dos participantes, a reforma poderá ser mais ampla do que o que vem sendo noticiado. “O presidente Lula está avaliando cenários e deve anunciar as mudanças ainda esta semana”, informou a assessoria do Palácio do Planalto. Até agora, as informações do Planalto indicam que a reforma teria o objetivo de abrir espaço para o PMDB no governo em duas pastas – a das Comunicações e a da Previdência.

A reforma teria ainda como novidade a unificação da área social num novo ministério, o do Desenvolvimento Social, que reuniria os atuais ministérios da Assistência Social e da Segurança Alimentar, além do programa bolsa-família. Outro item da reforma deve ser a substituição do ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral (PSB), que já entregou o cargo.

“A idéia do presidente é fazer alguns ajustes na equipe, melhorando o desempenho em algumas áreas debilitadas”, disse um participante da reunião, que fez questão de afirmar que muitas decisões já dadas como certas ainda não foram tomadas pelo presidente Lula. A agenda de Lula esta semana será semelhante à de ontem, para ouvir os ministros sobre as mudanças.

O passo seguinte serão as conversas com os ministros que deverão deixar seus postos: os nomes que estariam certos até agora são os dos ministros José Graziano, Roberto Amaral e Benedita da Silva. “Se o ministro Berzoini sair da Previdência, ele deverá continuar no governo e não voltar para o Congresso”, avaliou um dos participantes. Lula pretende, ainda, conversar com o vice-presidente José Alencar para saber a opinião dele sobre a permanência de Anderson Adauto no Ministério dos Transportes.

O PL de Alencar continuará representado na equipe, mas pode ser por outro nome (o do prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento) ou em outra pasta. O novo ministério do Desenvolvimento Social será mesmo entregue a um petista, mas ainda não há definição do nome. Os mais cotados, no momento, são o do ministro Tarso Genro – com a vantagem de abrir a vaga de ministro da Secretaria do Desenvolvimento Social e Econômico e Social para remanejar Miro Teixeira, que deixará o ministério das Comunicações para o PMDB – e o do deputado Patrus Ananias (PT-MG), que já foi prefeito de Belo Horizonte.

Heloisa: Lula está pagando acertos

Rio

– A senadora Heloísa Helena (sem partido-AL) afirmou, ontem, que a reforma ministerial que está para ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é parte do pagamento aos partidos que votaram a favor das reformas tributária e previdênciária enviadas ao Congresso pelo governo no ano passado. “Do mesmo jeito que se montou um balcão de negócios no Congresso Nacional, onde curriolas foram empregadas, usufruíram de cargos, prestígio e poder para votar as reformas, agora é o restante do pagamento”, disse.

A senadora alagoana participou, no Rio, de reunião com um grupo de ex-militantes do PT e de outras organizações que discutem a formação de um novo partido de esquerda. O encontro acontece na sede da Associação Brasileira de Imprensa. Os deputados João Batista de Araújo, o Babá (sem partido-PA) e Luciana Genro (sem partido-RS), também participam do encontro. Os três parlamentares, além do deputado João Fontes (sem partido-SE), foram expulsos do PT no último dia 14 de dezembro por fazerem oposição ao governo do presidente Lula dentro do PT.

O grupo espera realizar, até maio, debates sobre a formação do novo partido e, a partir de junho, iniciar o processo para a coleta 500 mil assinaturas, número mínimo necessário para dar entrada no pedido de legalização da nova legenda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que esperam fazer a tempo de disputar as eleições de 2006.

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