Votação histórica

Reforma da Previdência é aprovada em 2º turno no Senado

Foto: Divulgação/Agência Senado

Em votação histórica, o plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (22), em segundo turno, o texto-base da reforma da Previdência, que estabelece idade mínima para aposentadoria, entre outras mudanças. Foram 60 votos favoráveis e 19 contrários, resultado parecido com a votação em primeiro turno, quando o texto passou por 56 votos a 19. Como se trata de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), o texto precisava ter, no mínimo, 49 votos a favor. “O Parlamento entrega a maior reforma da Previdência desse país para o Brasil e para os 210 milhões de brasileiros”, disse o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

+ Leia mais: Convite para hospedagem gratuita em rede de hotéis termina em agressão em Curitiba

A partir de agora, os senadores começaram a votar os destaques de bancada, ou seja, pedidos pontuais de mudança feitos pelos partidos. As bancadas puderam apresentar destaques supressivos, que visam excluir algum ponto da reforma, e emendas de redação, que buscam deixar o texto da reforma da Previdência mais correto e evitar questionamentos jurídicos. Emendas de mérito, que mudam o conteúdo da reforma e que obrigariam o texto voltar à Câmara, não são mais admitidas no segundo turno.

Veja o que muda nas regras de aposentadoria

Ao todo, foram apresentados cinco destaques, mas um foi retirado. Os que ficaram foram apresentados pelas bancadas do Pros, PT, PDT e Rede. Esses destaques tentam: garantir a aposentadoria especial a vigilantes e eletricistas; eliminar a exigência de idade mínima em uma das regras de transição para servidor público que entrou no cargo até 2003; garantir que as antigas regras de transição para servidores que ingressaram no serviço público até 2003 continuem valendo; e excluir a agência de idade mínima para trabalhadores com efetiva exposição a agentes nocivos à saúde.

+ Leia ainda: Três vão responder por homicídio no caso da explosão do AP no Água Verde

Uma vez terminada a avaliação dos destaques, a votação em segundo turno será encerrada e o texto poderá ser promulgado em uma sessão solene do Congresso Nacional. Isso deve acontecer até o fim deste mês ou no início de novembro. As novas regras de aposentadoria entram em vigor a partir da data de promulgação.

Já a PEC Paralela da Previdência – que possibilita que governadores e prefeitos incluam os servidores públicos estaduais e municipais na reforma, entre outras coisas – ainda não tem data para ser votada no Senado. Depois, ela ainda precisa ser aprovada na Câmara, já que é um texto novo e autônomo ao texto principal da reforma da Previdência.

Como foi a votação

Ao contrário do primeiro turno, quando os senadores impuseram uma grande derrota ao governo ao manter as atuais regras para obtenção do abono salarial, a votação em segundo turno aconteceu sem percalços, apesar de atrasada.

A votação estava prevista para o dia 10, mas foi adiada oficialmente em quase duas semanas por causa da canonização da Irmã Dulce. Extraoficialmente, só foi possível votar a Previdência após o governo e os parlamentares costurarem um acordo para aprovar a regra de divisão de recursos do megaleilão do pré-sal com estados e municípios.

+Leia mais: Paranaense explode o quintal tentando acabar com pragas. Assista!

A sessão de votação da Previdência começou às 16h17, com o tempo destinado para a manifestação dos senadores. Depois de cerca de uma hora e meia de discussão, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) deu início ao processo em si de votação. Somente PT, PDT, PSB e Rede recomendaram votar contra a reforma. PSD, Cidadania e Pros liberaram suas bancadas. Os demais partidos foram favoráveis ao texto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, acompanhou o fim da votação e o anúncio do resultado.

“Todos os senadores e senadoras se envolveram pessoalmente e mostraram para o Parlamento e o Brasil as suas opiniões e o seu ponto de vista e aperfeiçoaram essa matéria, corrigindo alguns equívocos e fazendo justiça social. O Brasil hoje, com essa votação, mostra grandeza, maturidade política e responsabilidade”, disse Alcolumbre.

Economia com a reforma da Previdência

Apesar da votação tranquila nesta terça, o texto da reforma da Previdência foi bastante desidratado durante os oito meses de tramitação no Congresso. A previsão é que a reforma gere uma economia de R$ 800 bilhões ao longo de dez anos com o pagamento de aposentadorias e pensões. O projeto original do governo previa uma economia de R$ 1,2 trilhão.

+ Leia ainda: Da Feirinha do Largo para Paris! Artista curitibano expõe obra no Museu do Louvre

As maiores desidratações feitas pelos deputados ou senadores foram: exclusão das mudanças propostas para o abono salarial, para a aposentadoria rural e para o Benefício de Prestação Continuada; criação de uma regra de transição, para INSS e servidores públicos federais, mais vantajosa aos trabalhadores; flexibilização das regras para algumas categorias, como policiais federais e professores; regra de cálculo mais vantajosa para mulheres da iniciativa privada; e algumas alterações nas regras propostas para pensão por morte.

O que muda na aposentadoria

Com todas as mudanças aprovadas na Câmara e no Senado, as regras para ter direito à aposentadoria sofrerão mudanças significativas, tanto para quem contribui para o INSS (iniciativa privada) quanto para os servidores federais.

Confira as principais mudanças com a reforma da Previdência abaixo. Vale lembrar que elas ainda não estão em vigor, pois só entrarão em vigor a partir da data de promulgação, o que deve acontecer até o fim deste mês ou no início de novembro.

Idade mínima: reforma estabelece idade mínima de aposentadoria para trabalhadores da iniciativa privada (INSS) e servidores públicos da União. A idade será a mesma para ambos os regimes, ou seja, 65 anos para homens e 62 anos para mulheres;

Tempo mínimo de contribuição: o tempo mínimo de contribuição exigido será de 15 anos para homens e mulheres que recolhem para o INSS, como é atualmente. A exceção é para homens que ingressarem no mercado de trabalho após a vigência das novas regras. Eles terão que contribuir por, no mínimo, 20 anos. No caso dos servidores federais, o tempo mínimo exigido será de 25 anos;

Regras de transição: para quem já está no mercado contribuindo para a aposentadoria, haverá regras de transição, que duram de 12 a 14 anos. Caberá a cada trabalhador decidir qual é mais vantajosa para o seu caso. Trabalhadores da iniciativa privada terão cinco regras de transição diferentes para escolher e os funcionários públicos, duas;

Recolhimento: as alíquotas de contribuição vão mudar para todos os trabalhadores, variando conforme a faixa salarial. No INSS, elas partem de 7,5% (para quem ganha até um salário mínimo) e chegam a 11,68% (incidente sobre a faixa salarial que vai até R$ 5.839,45, o teto do INSS em 2019). No caso dos servidores públicos federais, partem de 7,5% (para quem ganha até um salário mínimo) até 16,79% (para quem ganha até R$ 39 mil);

Cálculo do benefício: o cálculo do valor da aposentadoria também muda em relação às regras atuais. No caso do INSS, o cálculo vai considerar a média de todos os salários de contribuição desde o Plano Real. Quem tiver contribuído exatamente pelo novo tempo mínimo exigido terá direito a 60% da média salarial. A cada ano trabalhado a mais, a partir de 15 anos para mulheres e 20 anos para homens, serão acrescidos dois pontos percentuais.

Aposentadoria especial: professores, policiais federais e trabalhadores expostos a agentes nocivos terão direito a regras especiais de aposentadoria;

O que a reforma não alterou: a aposentadoria rural, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o abono salarial não sofreram nenhuma mudança com a reforma. Ou seja, continuam valendo as regras atuais para acesso a esses benefícios.

Quem mais não será atingido: quem preencher os requisitos de aposentadoria pelas regras atuais até a reforma ser promulgada terá o chamado direito adquirido, ou seja, não será atingido pela reforma. Essa pessoa poderá se aposentar pelas regras antigas, quando quiser.

Morre mulher que estava em coma com suspeita de envenenamento em SP

 

 

 

 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna