Brasília – Engrossou ontem a artilharia contra a Medida Provisória 232, aquela que corrige a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) em 10%, mas também aumenta a tributação sobre o setor de serviços e promove um aperto sobre o setor agrícola. No Congresso Nacional, começou a ser articulada uma estratégia para votar e derrubar a MP. Em São Paulo, foi lançada uma frente nacional contra a medida. E, dentro do governo, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, avaliou que é "perfeitamente possível" reverter o dispositivo da MP que prejudica os agricultores.
Ontem, na Câmara dos Deputados, empresários e parlamentares de oposição se reuniram para programar protestos nos estados e na capital até março. Além disso, eles pretendem rejeitar a MP durante o recesso parlamentar. Para isso, será necessário convocar a comissão representativa do Congresso. Formada por 17 deputados e oito senadores, eleitos todos os anos antes do recesso, a comissão tem como uma de suas funções deliberar sobre a eventual "sustação de atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar". Essa ofensiva se soma às duas ações diretas de inconstitucionalidade do PDT e do PFL no STF.
"Se esse governo quer conversar com a sociedade, tem de ser de forma democrática. Discutimos a reforma tributária durante sete anos e nada aconteceu. E agora o governo, numa medida provisória, faz uma reforma tributária", disse o presidente da Confederação Nacional de Serviços, Luigi Nese.