Reação de Serra faz dólar entrar em queda

São Paulo

  – O mercado financeiro viveu ontem um dia de otimismo, depois de uma semana dando sinais de descrédito na economia. O dólar comercial interrompeu uma seqüência de cinco altas consecutivas e fechou em queda de 2,65%, cotado a R$ 3,11 na compra e R$ 3,125 na venda. Mesmo com esse resultado, a moeda americana termina a semana com valorização de 3,48% sobre o real. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o pregão viva-voz em alta de 3,73%, com o Índice Bovespa em 9.485 pontos. O volume de negócios era de R$ 408,5 milhões.

O principal motivo da queda do dólar ontem foi a intensificação de rumores do crescimento do tucano José Serra nas próximas pesquisas eleitorais e de abalos na campanha de Ciro Gomes. Mais otimistas, os compradores se retraíram, à espera de novas quedas do dólar na próxima semana, quando também se espera ver concretizados os créditos para financiamento do comércio exterior anunciados pelo governo.

Embalados pela expectativa de reação do candidato preferido do mercado, no caso José Serra, os títulos da dívida externa brasileira operaram em alta durante todo o dia. O risco Brasil caiu 5,24% e o C-Bond subia 4,02%. O Banco Central também promoveu troca de títulos públicos com vencimento entre 2004 e 2006 por papéis com resgate no primeiro semestre de 2003. A operação movimentou R$ 9,5 bilhões e é parte do pacote de medidas para reduzir a volatilidade e a fuga de recursos dos fundos de investimento.

Pesquisas

A indagação no mercado, ontem, era; quantos pontos Ciro perdeu nas pesquisas da semana? Além disso, quem foi o maior beneficiado, José Serra ou Luiz Inácio Lula da Silva? Os especialistas explicaram: mais importante do que os números das pesquisas é o momento que está acontecendo no eleitorado. Depois de três semanas como alvo dos adversários e de uma semana de tropeços próprios, a candidatura de Ciro foi afetada. A cada dia, é um número diferente. A onda que começou nas capitais e entre eleitores mais escolarizados estaria se propagando para cidades médias e pequenas e entre eleitores menos escolarizados.

E quem está se beneficiando dessa movimentação? Os números atuais mostram que um quarto dos eleitores decepcionados com Ciro estão indo para Serra; outro quarto para Lula; e a metade engrossa o contingente de indecisos. Nesta semana, o que mais prejudicou Ciro foi sua própria postura na disputa eleitoral. Foi impaciente com repórteres e enfrentou as elites. O ponto alto foi a declaração que teria dado – e que depois tentou explicar – num jantar com banqueiros e industriais: “Quero que o mercado se lixe”. “Essas coisas todas vão minando aos poucos uma candidatura”, disse um especialista em pesquisas eleitorais.

O próprio comitê de Ciro reconhece um “certo abalo” na candidatura, em especial junto a formadores de opinião, mas não considera que o estrago não tenha conserto. O que os coordenadores da campanha de Ciro estão conscientes é que de agora em diante não há mais espaço para erros, pois qualquer um seria fatal. Este quadro, para quem se considerava no segundo turno, é novo e entusiasma os partidários de Serra.

PSDB aposta na virada de Serra

Brasília

(AE) – Animados pela nova perspectiva de crescimento do candidato tucano José Serra nas pesquisas de intenção de votos, os coordenadores da campanha presidencial do PSDB apostam numa virada. Mas a estratégia agora não se restringe ao desempenho de Serra no programa eleitoral gratuito, que começa terça-feira. O objetivo é colar, o mais rápido possível, o presidenciável tucano em aliados que disputam governos estaduais bem colocados nas pesquisas e com chances de vencer já no primeiro turno. É o caso dos tucano Aécio Neves, em Minas Gerais, e Marconi Perillo, em Goiás, do peemedebista Joaquim Roriz (DF), e do pefelista Hugo Napoleão (PI).

O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA), um dos comandantes da campanha tucana, afirma dispor de dados que demonstram a capacidade destes candidatos puxarem votos para Serra. Mesmo os que não estão liderando as pesquisas em seus Estados, como o governador paulista Geraldo Alckmin, e o candidato no Mato Grosso do Sul, Antero de Barros, serão incluídos neste esforço. A identificação com o candidato presidencial é um problema que o PSDB vem identificado país afora. O comando da campanha também vai investir mais no eleitorado de São Paulo, primeiro colégio eleitoral do País, com mais de 25 milhões de votos. Segundo o líder tucano, Serra deverá se reunir nos próximos dias com 500 prefeitos do Estado. Na próxima semana ele fará comícios e reuniões nas cidades de Jundiaí, São José do Rio Preto e Sorocaba. Jutahy Júnior espera ainda a transferência para José Serra dos votos destinado inicialmente ao candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes.

Pelas previsões do deputado, isso seria provocada pela falência de três pilares da candidatura de Ciro: “Faltam a ele credibilidade, controle emocional e aliados comprometidos com os avanços do País”, prevê. Jutahy acredita que os formadores de opinião vão rever o apoio a Ciro depois dele ter declarado a empresários paulistas que está “se lixando para o mercado”. Foi nesse clima de otimismo que José Serra prometeu, na quinta-feira à noite, em comício realizado na cidade de Planaltina de Goiás, acabar com o desemprego no País. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 15 mil pessoas compareceram ao comício.

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