Em entrevista, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, discute medidas para evitar novas tragédias e afirma que planeja fazer “uma grande reforma” na Escola Raul Brasil, que foi palco do massacre. “A Raul Brasil é um capítulo importante, porque viveu um trauma muito acima do que qualquer outra de São Paulo”

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Quais medidas são pensadas para segurança nas escolas?

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Estamos discutindo com especialistas um pacote não só na área de segurança. Vai desde pequenas melhorias de infraestrutura, como implantar portão eletrônico com interfone, à melhoria de procedimentos. Precisamos olhar a raiz do problema. Não adianta ter mais segurança, sem discutir, por exemplo, como o currículo interage, como mapear a situação e não perder esses meninos na origem. Encontrando, inclusive, um meio de envolver a família.

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E como colocar em prática?

Nas escolas de tempo integral, há experiência muito interessante de trabalho de projeto de vida. Na Educação, a gente precisa ter espaços para escutar o jovem e ajudar a direcioná-los. Saber qual é o sonho dele e como a escola pode interagir. Precisamos trazer o acolhimento para toda a rede.

Na Raul Brasil, há relatos de aulas vagas e alunos que não voltaram. O que, efetivamente, foi feito nestes 30 dias?

Há acompanhamento psicológico diário. Além disso, estamos fazendo um convênio com a prefeitura para instalar um botão do pânico e vamos contratar três psicólogos para trabalhar por dois anos dentro da escola. Reforçamos a equipe de professores, com quatro a mais, para cobrir ausências. A gente também busca melhorar o diálogo com a comunidade e ouvir todas as propostas dos pais.

E em relação à segurança?

A gente avalia colocar um portão eletrônico e segurança mais forte. A escola já tinha câmeras, isso ajuda mas não resolve. Há detalhes que podem minimizar o risco, como diminuir o volume de pessoas que circulam na escola. Investir em procedimentos digitais, por exemplo, evita que um ex-aluno ou algum pai precise entrar só para solicitar um documento.

Psicólogos afirmam que é da natureza humana relacionar uma tragédia ao local em que ela aconteceu. O Estado estuda desativar a Raul Brasil ou construir uma nova escola?

Não. A parte de infraestrutura física já recebeu suporte, com mudança de espaços, inclusive por causa do trauma. Um piso foi pintado a pedido de alunos e professores. Estamos buscando ajuda da iniciativa privada, vai haver uma grande reforma. O projeto é para incluir áreas que hoje não existem, como auditório. É lógico que nós apoiamos quem não quer mais ficar lá, mas a Raul Brasil tem uma história e precisa superar o trauma, com as medidas certas. Isso leva tempo.

O sr. afirmou que a escola precisa se aproximar do aluno e da família. No caso do massacre, dois dos três responsáveis tinham pais ausentes, com problemas com droga e passagem pela polícia. A escola falhou ao não preencher a ausência da família? Qual a culpa do Estado pelo ataque?

Não entendo que a escola possa ser responsabilizada pelo que aconteceu. A Constituição Federal diz que é da família e da escola o dever da educação. Na escola, não necessariamente existe a manifestação desses traços, vamos dizer assim, de psicopatia. Com o menino mais novo, por exemplo, a único ocorrência era de chegar atrasado. A gente precisa do conjunto da família e da sociedade para nos auxiliar.