Os radicais do PT não voltaram atrás em suas afirmações contra as reformas propostas pelo governo e acusam o governo petista de ter mudado de opinião e de estar dando continuidade à política econômica do ex-presidente FHC. A senadora Heloisa Helena (AL) e a deputada federal Luciana Genro (RS) afirmaram, ao chegarem para depor na Comissão de Ética, que vão manter suas posições. O terceiro “radical” é o deputado federal João Batista de Araújo, o Babá (PA). Segundo ele, os parlamentares não têm do que se defender.
São Paulo – Babá destacou como principal argumento da posição assumida o fato de que o debate em torno da reforma ficou restrito ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e aos governadores. “O debate não foi feito na base partidária. Espero que a decisão da direção seja coerente com o fato de que estamos defendendo um programa, que eles também defenderam nos últimos anos, contra a reforma da Previdência”, ressaltou Babá. “Não podemos aceitar essa reforma comandada pelos banqueiros e pelo FMI, que querem a abertura dos fundos de pensão complementar”, completou. O deputado petista afirmou que o processo, que poderá culminar com sua expulsão do PT, não o intimida.
A Comissão de Ética do PT começou ontem e termina hoje, a primeira audiência para analisar a situação dos radicais. Serão ouvidas na sede do diretório, em São Paulo, as testemunhas de defesa e acusação dos deputados Babá e Luciana Genro e da senadora Heloísa Helena. A senadora disse estar muito triste e constrangida por ser chamada à Comissão Ética e Disciplina do PT, em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre declarações. No entanto, afirmou que mantém sua postura e afirmou estar confiante de que nada acontecerá a ela por apresentar suas opiniões. “É melhor coração partido do que alma vendida.”
No entanto, o secretário Nacional de Organização do PT, Sílvio Pereira, afirmou que em dez dias deverão ser apresentadas alegações em torno do processo. Até setembro, a matéria será encaminhada à deliberação do Diretório Nacional. Segundo ele, se os parlamentares não se retratarem correm o risco de serem expulsos. “Se não recuarem das opiniões e das ações que têm encaminhado contra o governo, não tenho a menor dúvida de que será aplicada a pena máxima, e a pena máxima é a expulsão”, confirmou o secretário.Pereira explicou que e Luciana Genro (PT-RS), além de Heloísa Helena, estão “extrapolando” na imprensa suas críticas e declarações ao governo e as reforma. Para ele, as audiências na Comissão de Ética do PT, que terminam hoje, são a oportunidade para que os parlamentares recuem ou uma autocrítica em relação a essas declarações, como por exemplo chamar um ministro do Executivo de “gigolô do FMI”.