Um racha entre três grupos de ministros do Supremo Tribunal Federal ficou evidente, logo no início do julgamento do mensalão na quarta-feira da semana passada, e a aceitação quase integral do pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, só aconteceu graças ao bom entendimento jurídico entre ele e o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.
No início das sessões, conta um ministro, o plenário estava dividido em três grupos. O primeiro, que defendia a abertura do processo, era liderado por Barbosa e Cezar Peluso e dele participavam também Marco Aurélio de Mello e Celso de Mello. O segundo grupo, contrário à denúncia, era formado por Ricardo Lewandowski e Eros Grau. Um terceiro preferiu manter o voto em aberto – nele estavam Carmem Lúcia, Gilmar Mendes e a presidente do STF, Ellen Gracie.
Como pano de fundo dessas divergências pairava, em alguns meios, uma antiga suspeita a respeito da isenção e independência do Supremo nessa questão. Ela parecia presente, de início, na morosidade – segundo alguns – da análise da denúncia pelo relator. Ganhou força, em seguida, com a aposentadoria antecipada do ministro Sepúlveda Pertence, conhecido por seu bom trânsito com o PT. Nesse cenário, a troca de mensagens eletrônicas entre os ministros Ricardo Lewandowski e Carmem Lúcia em nada melhorou o ambiente.
O que se viu ao final – a aceitação da denúncia, em várias questões por unanimidade – só se concretizou no segundo dia do julgamento e foi a alternativa encontrada pelo plenário para afastar, pelo menos momentaneamente, aquelas suspeitas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.