Quase metade dos brasileiros (45%) assume que tem preconceito médio ou alto contra gays, lésbicas, travestis ou transexuais. É o que mostra pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo e divulgada nesta quinta-feira (14) durante o 6º Seminário Nacional pela Cidadania LGBT , na Câmara dos Deputados.
Os dados também indicam que 25% das pessoas se classificam como homofóbicos, aqueles que têm ódio ou não toleram homossexuais. Desses, 19% admitem uma homofobia média e 6% assumem uma homofobia forte.
“É um preconceito bastante elevado”, comentou o coordenador da pesquisa e professor de sociologia da Universidade de São Paulo, Gustavo Venturi.
A pesquisa foi feita em duas fases. Na primeira, 2 mil pessoas em 150 municípios de 25 estados foram entrevistadas. Elas responderam a perguntas diretas sobre preconceito e também sobre situações hipotéticas ou reais. Na segunda fase, foram entrevistados 413 gays e lésbicas de nove regiões metropolitanas do país.
Durante o Seminário, foi divulgado o Plano Nacional LGBT, com sugestões de ações e políticas públicas de combate ao preconceito e da homofobia. Entre as principais reivindicações, estão a criminalização da homofobia, a legalização da união estável e a regulamentação do nome social -direito que a pessoa tem de ser tratada de acordo com o sexto que se reconhece e não com o nome da certidão de nascimento.
“Nossa luta é pela adoção do nome social. Isso não vai ser uma alteração de registro”, explicou a presidente do grupo Dignidade, Rafaelly Weist. “Às vezes eles me veem como mulher, mas me tratam como homem. Tudo por conta da minha genitália, que a pessoa nem vê”, completou.
O Plano Nacional LGBT também sugere a criação de campanhas para esclarecimento da população, além de ações conjuntas com ministérios para cursos de capacitação e ações específicas no combate à homofobia. Especialmente na televisão, com a adequação de programas de televisão, sendo eles jornais, novelas ou programas humorísticos.
“Não queremos passagens aéreas, nem castelo, nem aposentadoria especial. Só queremos ser tratados como qualquer pessoa, como se trata qualquer ser humano”, disse o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), Toni Reis.