Publicitário diz que foi a duas reuniões com Dirceu

  Roosewelt Pinheiro / ABr
Roosewelt Pinheiro / ABr

Cristiano Paz: "Não tinha motivos
para desconfiar de Valério".

Brasília – O publicitário Cristiano Paz, sócio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, na agência de publicidade SMP&B, relatou aos integrantes das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) do Mensalão e dos Correios, ter participado de duas reuniões com o então chefe da Casa Civil deputado José Dirceu (PT-SP). Sem citar datas, Paz disse que o primeiro encontro com Dirceu foi agendado entre diretores do Banco BMG e o petista e contou com a presença dele, Paz, e Valério. No encontro, relatou, o BMG apresentou a Dirceu investimentos feitos na indústria alimentícia Brasfrigo, em Luziânia (GO). A segunda reunião, com diretores do Banco Rural, que teria sido, segundo o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), em 5 de fevereiro de 2003, teve o objetivo de tratar da exploração de terras na Amazônia.

Serraglio indagou ao publicitário se, ao conseguir agendar a audiência com Dirceu, a agência de publicidade teria conseguido reduzir uma dívida de R$ 13 milhões para R$ 2 milhões com o Rural. O débito seria fruto de um empréstimo tomado pela agência em 1998 para financiar a campanha de reeleição do presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), a governador. ?Teve desconforto na negociação da dívida. Tudo foi tratado entre os advogados?, disse Paz, para depois acrescentar que o único conhecimento que tinha para a redução da dívida era somente as negociações entre os dois lados.

Como a SMP&B não recebeu os recursos dos tucanos, ele confirmou que a agência quitou a dívida com o Rural – parte do pagamento foi realizado com a prestação de serviços. Ao ser indagado pelo relator da CPI dos Correios se Valério ou a agência fizeram algo para recuperar os recursos do PSDB, Paz respondeu: ?O Marcos Valério e o Cláudio Mourão (coordenador da campanha de Azeredo) fizeram um acordo.?

Defesa

Cristiano Paz defendeu em plenário o sócio Marcos Valério, acusado de participar do suposto esquema de repasse de recursos para o PT e partidos da base aliada em troca de apoio ao governo, mas chegou a reconhecer que errou ao se afastar das decisões operacionais da agência para se dedicar às áreas de criação e atendimento a contas publicitárias.

Essas informações foram dadas antes do tumulto que marcou o início da sessão, com parlamentares discutindo a informação de que o vice-presidente da CPI do Mensalão, Paulo Pimenta (PT-RS), teria recebido uma lista diferente do publicitário Marcos Valério, após o depoimento do empresário.

Valério: mais uma quebra  de sigilo

Brasília – O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), informou que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza entregou à CPI, às 3 horas de ontem, uma autorização para que seja quebrado o sigilo internacional. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), perguntou ao publicitário Cristiano Paz, sócio de Valério, sobre depósitos da agência de publicidade DNA Propaganda feitos para a conta bancária dele, citando, por exemplo, um de R$ 125 mil e outro de R$ 20 mil em 2004, mesmo ano em que disse ter se afastado da sociedade com o empresário na agência. ?A DNA me pagou??, perguntou Paz. ?Não me lembro disso.? Em seguida, o publicitário relatou que tem, há mais de 20 anos, um terreno e um apartamento em que mora. Mas disse que recebeu da agência de publicidade R$ 800 mil por causa da venda das ações na empresa.

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