Brasília – Dos partidos aliados ao governo atingidos por denúncias de corrupção, o PTB e o PP conseguiram manter suas bancadas praticamente intactas, sobrevivendo ao troca-troca que mobilizou os políticos na última semana. Mesmo depois da renúncia do deputado Severino Cavalcanti (PE) da presidência da Câmara, o PP recebeu quatro novos parlamentares e perdeu três, incluindo o deputado Delfim Neto (SP) que foi para o PMDB. A cassação do deputado Roberto Jefferson (RJ) interferiu pouco no tamanho do PTB e, entre perdas e ganhos, a bancada deve ficar com 44 deputados, menos três desde à eclosão da crise.
A mesma sorte não teve o PL, que se enfraqueceu com a crise e perdeu muitos deputados. De uma bancada de 53 parlamentares em junho, deve ficar com 41. O presidente do partido, deputado Valdemar Costa Neto (RJ), foi obrigado a renunciar ao mandato federal para não ser cassado. E a principal estrela do PL, o vice-presidente José Alencar, preferiu seguir os evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus e criar o Partido Municipalista Renovador (PMR). Essa nova legenda arrastou deputados do PMDB e do PL, inclusive o bispo e senador Marcelo Crivella (RJ).
Na avaliação dos líderes, o troca-troca partidário é movido mais pelos problemas e articulações regionais do que como resposta à crise. O prazo de filiação para os candidatos às eleições termina à meia-noite de hoje e, por isso, o movimento de migração se intensificou. "Não há nenhuma relação das mudanças com a crise. São movimentos puramente de configuração regional", atestou o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO).
O líder do PP, deputado José Janene (PR), dá outra explicação para os ganhos de sua bancada, mesmo diante do envolvimento de parlamentares com denúncias de corrupção. "O PP dá autonomia a seus filiados e a cúpula não interfere nas composições estaduais", disse.
O líder do PTB, deputado José Múcio (PE), comemorou também o fato de a bancada na Câmara não ter sido muito abalada mesmo com o desgaste que se abateu sobre o partido desde a denúncia de mensalão feita pelo então presidente do partido, Roberto Jefferson. "Apesar do que passamos, é uma vitória", analisou, acrescentando que, até hoje à tarde, a bancada perdeu seis e ganhou três deputados.