PTB dá apoio contrariado a Greenhalgh

Brasília – O presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), disse ontem, no Palácio do Planalto, que o candidato oficial do PT à presidência da Câmara, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) enfrenta resistências na Casa porque não tem "traquejo social" e já demonstrou que "costuma concentrar prestígio e poder". "Quando ele presidia a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), avocava os projetos de maior brilho", afirmou.

Jefferson falou com jornalistas ao chegar para uma audiência com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo. Na avaliação do presidente do PTB, o PT cometeu um "erro de articulação" ao escolher Greenhalgh para candidato à presidência da Câmara. "O Greenhalgh é um homem honrado, mas não dá bom dia, boa tarde e não tem traquejo social", disse.

Jefferson afirmou que, apesar das restrições que tem a Greenhalgh, apóia a candidatura dele: "Eu sou disciplinado." Sobre a versão de que o PTB estaria empenhado em ampliar cargos no governo por ocasião da iminente reforma ministerial, o deputado respondeu: "Não reivindicamos ministério".

Ele disse que uma possível candidatura avulsa à presidência da Câmara, como a que pretende lançar o deputado petista Virgílio Guimarães (MG), dificulta o trabalho dos líderes dos partidos aliados na Casa.

Enquanto isso, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), não descarta a possibilidade de disputar a presidência da Câmara dos Deputados, embora negue que esteja articulando sua candidatura, ou que já tenha entrado em campanha. "Depende das circunstâncias políticas. Se 300 deputados manifestarem desejo que eu presida a Câmara, não há como não entrar na disputa", disse sobre a possibilidade de disputar o cargo.

"Temos 40 dias pela frente até decidir essa eleição." Temer afirmou que por causa da confusão provocada pelo PT e a rivalidade entre os deputados Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG), muitos parlamentares o procuraram para estimularem sua possível candidatura. "Não vou mover uma palha. Se houver um movimento dos parlamentares e minha candidatura for boa para manter a unidade da Câmara, posso avaliar minha participação na eleição", desconversou.

O candidato do PFL à presidência da Câmara, José Carlos Aleluia (BA), também teria aberto conversas com Temer, segundo relata o próprio peemedebista, para avaliar uma possível união de forças.

Virgílio acusa governo de interferir na Câmara

Brasília – O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) afirmou ontem que houve interferência do governo federal na indicação de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para a sucessão do também petista João Paulo Cunha (SP) na presidência da Câmara dos Deputados. Virgílio diz ter recebido informações de que pessoas "vinculadas ao governo" estariam por trás da escolha de Greenhalgh. "Recebi uma série de informações fundamentadas que me deixaram estupefato. Interferências que não estavam previstas em questões de fixações de posições do partido", afirmou.

O deputado, no entanto, não quis apontar nomes. Afirmou que só vai comentar este assunto no congresso do PT neste ano. Ele descartou a participação neste processo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem encontrou-se ontem no Palácio do Planalto. "Não perguntei isso a ele porque sei que não aconteceu", disse. Lula, aliás, vem trabalhando a favor de Greenhalgh, mas parece não ter convencido Virgílio a desistir de disputar a presidência da Câmara.

O nome de Greenhalgh foi escolhido pela bancada do PT no mês passado. Por ter a maior bancada, o partido tem, por tradição, o direito de indicar o presidente da Câmara.

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