São Paulo (AE) – Apesar de ter frustrado suas expectativas de vencer a eleição presidencial no primeiro turno, o PT já conseguiu um recorde histórico para o partido nessas eleições. Ganhou em quatro estados no primeiro turno, estabelecendo uma marca inédita. Foram vitórias no primeiro turno na Bahia (Jaques Wagner), Piauí (Wellington Dias), Sergipe (Marcelo Déda) e Acre (Binho Marques).
Esse número pode ainda aumentar, já que os petistas chegaram ao segundo turno no Rio Grande do Sul (Olívio Dutra) e no Pará (Ana Julia Carepa). Até hoje, o máximo que a legenda tinha feito era conquistar três governos, como ocorrera em 1998 e 2002.
Somente outros dois partidos poderão conseguir um desempenho melhor do que o petista. PMDB e PSDB também elegeram governadores já no primeiro turno em quatro estados. Os peemedebistas venceram no Amazonas (Eduardo Braga), Mato Grosso do Sul (André Puccinelli), Espírito Santo (Paulo Hartung) e Tocantins (Marcelo Miranda) e disputam o segundo turno em outros seis Estados: Rio de Janeiro (Sérgio Cabral), Paraná (Roberto Requião), Goiás (Maguito Vilella), Paraíba (José Maranhão), Rio Grande do Norte (Garibaldi Alves) e Santa Catarina (Luiz Henrique da Silveira).
Os tucanos venceram em alguns dos maiores colégios eleitorais já no primeiro turno, ganhando em São Paulo (José Serra) e Minas (Aécio Neves), além de Alagoas (Teotônio Vilela) e Roraima (Otomar Pinto). Podem conquistar outros três: Rio Grande do Sul (Yeda Crusius), Pará (Almir Gabriel) e Paraíba (Cassio Cunha Lima).
Dentro desse cenário, o PMDB pode sair com até dez estados sob seu poder, mas seus principais dirigentes não escondem a preocupação com a possibilidade de um fracasso eleitoral no segundo turno. Na eleição passada, o PMDB ganhou os três governos da região sul. Agora, já está fora do segundo turno no Rio Grande do Sul, e terá que disputar o segundo turno no Paraná e em Santa Catarina.
O PMDB também perde outro local importante, deixando o governo de Pernambuco, que será disputado entre PFL e PSDB no segundo turno – o partido apoiou a candidatura pefelista. Pode perder também o Rio de Janeiro, onde tem o governo e precisará ir ao segundo turno contra o PPS. O partido ficou também sem o Distrito Federal, que passará a ser governado pelo PFL.
Na prática, dos quatro estados onde venceu no primeiro turno, o PMDB só tem como novidade a vitória em Mato Grosso do Sul, onde desalojou o PT do poder, depois dos oito anos do governador Zeca do PT. Amazonas, Tocantins e Espírito Santo já eram administrados pelo partido.
Pelo lado do PT, o resultado consolida a força do partido no nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve imensa superioridade sobre seus adversários na eleição. O PT manteve seu governo no Piauí e ganhou outros dois: Bahia e Sergipe. Na Bahia, a vitória é ainda mais expressiva por ser inédita e por alijar do poder o grupo político ligado ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL). Se Wagner não vencesse, o atual governador Paulo Souto (PFL) teria obtido seu terceiro mandato.
Senado
O resultado das eleições fez do PFL a maior bancada no Senado a partir de 1.º de fevereiro, deixando a situação mais difícil na Casa para um eventual segundo governo do presidente Lula. Se Lula não tinha base no Senado para aprovar propostas de interesse, as condições podem piorar em 2007. A partir de fevereiro, quando toma posse um terço dos senadores, a bancada de oposição a Lula estará maior. PFL (18 senadores), PSDB (15), PDT (5), PPS (1) e PRTB (1) somarão 40 parlamentares.
O PMDB, mesmo governista no Senado, tem dissidências quanto ao apoio ao presidente, dificultando ainda mais um eventual segundo mandato. O partido teve um fraco desempenho nas eleições para a Casa. A bancada atual de 20 deputados ficará reduzida a 15 em 2007. A redução atinge, diretamente, as pretensões do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de reeleger-se para o cargo, que será reivindicado pela maior bancada, o PFL.
Das 27 cadeiras do Senado disputadas neste ano, o PFL ficou com 6, o PSDB com 5, o PMDB com 4, o PTB com 3, o PT com 2 e o PSB, PL, PPS, PRTB, PC do B, PP e PDT, com uma vaga cada um. O PMDB poderá chegar a 17 senadores, caso o senador José Maranhão (PMDB-PB), candidato a governador em segundo turno, não se eleja e volte ao Senado. A vaga dele é ocupada pelo suplente Roberto Cavalcanti (PRB). Além disso, a legenda poderá crescer se o senador Leonel Pavan (PSDB-SC) for eleito vice-governador no segundo turno, abrindo a vaga para o suplente do PMDB.
