Depois de se declarar ?a bancada da abstenção? na votação da primeira representação contra o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o PT ensaia um movimento pela salvação do mandato do peemedebista, mas teme que o presidente licenciado não entregue a renúncia prometida. A decisão de votar contra a cassação de Renan na sessão marcada para quinta-feira foi acertada na semana passada, em reunião no Palácio do Planalto.
Desta vez, Renan responderá em plenário à denúncia de que se utilizou de laranjas para comprar duas rádios e um jornal em sociedade oculta com o usineiro João Lyra. Pelo acerto feito no Planalto, em troca da salvação do mandato, Renan renunciaria à presidência do Senado e uniria o PMDB em torno da aprovação da CPMF. O problema é que o PT já acreditou uma vez que, absolvido em plenário, Renan deixaria a presidência da Casa em definitivo.
Como penitência ao apoio inicial, a bancada do partido integrou-se ao movimento que forçou a licença do peemedebista. Por pressão do Planalto, o partido ameaça uma nova retirada e acena com mais um recuo.
A manobra governista traz grandes dificuldades para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), um dos maiores símbolos do ziguezague petista. Com a promessa de afastar-se da presidência, feita por Renan, o senador paulista se absteve na primeira votação. Como Renan descumpriu o prometido, Mercadante acabou sofrendo grande desgaste, já que sua história política, marcada por discursos constantes em defesa da ética, não combinava com uma abstenção para salvar Renan.