PT quer criar grupos para garantir reformas

Brasília – O PT quer garantir a aprovação das principais reformas propostas a serem propostas pelo governo Lula. Para isto, vai montar grupos de trabalho que estudarão todas as reformas, em especial as da Previdência, Tributária e Trabalhista. Segundo o presidente do PT, José Genoino, que participou na tarde de ontem de reunião da Executiva Nacional do Partido, o debate interno sobre as reformas terá início após 23 de fevereiro, quando o Diretório Nacional encerrará encontro que acontecerá em São Paulo.

Governo e PT concordam que a reforma previdenciária precisa ser negociada primeiro, porque é mais complexa do que as demais. Mas ninguém se entende quanto ao calendário de votações no Congresso. Membros do governo querem começar primeiro pela reforma da Previdência e deixar a tributária para depois como também há quem acredite ser possível tocá-las simultaneamente. “Enviar uma ou ambas para o Congresso só vai ser decidido depois da nomeação dos líderes partidários, que precisam ser ouvidos”, afirmou o ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) foi uma voz contrária dentro do partido. “Na relação capital-trabalho, o trabalho é o elo mais frágil, por que começar pela reforma da Previdência?”, disse a senadora. “Se a prioridade é o crescimento e a distribuição de renda, nada melhor do que dar uma compensação ao capital produtivo aprovando logo a reforma tributária.”

O deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ) faz questão de lembrar que a reforma tributária é um compromisso de campanha do presidente. Mas ele observa que seria indicado esperar por um momento melhor para iniciar essa discussão. “Acho que se deve discuti-la num ambiente econômico melhor, acredito que no segundo semestre”, afirmou. O fatiamento da reforma tributária voltou a ser discutido ontem.

“A reforma tributária pode não ser feita em um pacotão, mas sim ponto a ponto” defendeu Bittar. Ninguém no final da reunião falou sobre a reforma trabalhista. A prefeita se São Paulo, Marta Suplicy, engrossou a fila de petistas que preferem adiar as reformas tributária e trabalhista, apesar das críticas já recebidas tanto por trabalhadores como por empresários. “Acho que a prioridade deve ser dada para a reforma da previdência e depois a reforma política. Só depois devemos cuidar da reforma tributária” avaliou a prefeita paulistana.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, também garantiram ontem que o governo não vai abandonar a reforma tributária, embora a da previdência tenha sido definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como sua primeira prioridade. Palocci disse que trabalhará para que a reforma tributária seja feita ainda neste ano, mas explicou que não há porque antecipar o debate sobre cada um dos tributos neste momento. Segundo o ministro, o calendário das discussões ainda não está definido, mas será determinado pelo presidente.

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