PT pune deputados “infiéis” em votação

Brasília – Quem tem cargo está com medo. Está aberta a temporada de caça às indicações feitas por deputados da base governista que foram infiéis ao governo na votação da reforma da Previdência. As retaliações não devem se restringir ao diretor executivo da Funasa, Antonio Carlos Andrade, marido da deputada Maninha (PT-DF), que se absteve na votação da reforma. Os aliados mais governistas pressionam para que o governo dê continuidade às exonerações daqueles que não aceitam votar matéria impopulares de acordo com a orientação do governo. Os infiéis, temendo as retaliações, escondem os cargos que têm no governo e dizem que apenas apoiaram indicações do partido.

“Eles não devem continuar compondo o governo. Senão desestimulam os outros. Querem ser governo só nos momentos bons? Tem que segurar a impopularidade também! Isso tem que ser igual a casamento, estamos juntos na tristeza e na alegria”, cobrou o líder do PTB, Roberto Jefferson (RJ). Deputados governistas apontam os próximos alvos. Querem a exoneração dos indicados pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Ela nega que tenha feito alguma indicação pessoal, mas no governo há quem aponte pessoas ligadas a ela na Vigilância Sanitária e na Previdência.

“Eu pessoalmente não indiquei ninguém. Os poucos espaços que o PCdoB ocupa no governo são indicações do partido. Mas coerência não tem preço e isso significa que mesmo que tivesse indicado não mudaria meu voto. É de se estranhar a manutenção de uma prática política que o anseio democrático pensou que tinha derrotado nas urnas”, respondu Jandira.

Alvo

O deputado Alceu Collares (PDT-RS) também é apontando como alvo da polítca de rataliação. Sua assessoria garante que ele não indicou ninguém para o governo e que o presidente dos Correios, Airton Dipp, foi nomeado pelo mesmo critério de nomeação do ministro das Comunicações, Miro Teixeira. Tratam-se de escolhas pessoais. Mas um deputado da base aliada do Rio Grande do Sul, garante que Collares fez pelo menos uma indicação para a diretoria dos Correios em seu estado.

O presidente do PT, José Genoíno, irritou-se ao ver as versões de que Antonio Carlos Andrade, o Toninho do PT, foi exonerado porque é marido da Maninha.

“É uma hipocrisia o Toninho ficar posando de marido da Maninha. Ele é dirigente nacional da Força Socialista, secretário geral do PT em Brasília e ele participou de uma decisão da Força Socialista que tirou uma decisão de oposição ao governo”, protestou Genoíno.

A Federação Nacional dos Servidores da Previdência Social (Fenasps) criticou a demissão do secretário executivo da Funasa, mas no entanto, não questiona os critérios políticos para a nomeação de cargos de chefia na Saúde. “Dentro da regime presidencialista é normal que os cargos de chefia sejam preeenchidos por critérios políticos de confiança do núcleo duro do governo. O que é errada é a forma da demissão. Só pode ficar no governo quem votar como manda o Palácio? O governo está escancarando uma prática de clientelismo muito perniciosa”, comentou o diretor de administração das Fenasps, Moacir Lopes.

A Confederação Nacional de Saúde não quis comentar a exoneração de Toninho do PT e nem os critérios de nomeação do governo. “Temos uma relação muito boa com o ministro e não nos cabe comentar a parte política do ministério”, disse o presidente da Confederação, José Abraão.

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