Lula com aliados: discurso cauteloso
para não criar expectativas.

São Paulo – O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputado José Dirceu, fez uma avaliação pessimista da situação que o partido encontrará no país a partir do dia 1.º de janeiro. Em reunião com o conselho político formado pelos partidos que apoiaram Luiz Inácio Lula da Silva, Dirceu exibiu os primeiros diagnósticos obtidos pelo PT, que mostrariam que “a situação do país é muito mais grave do que se imagina”.

Os membros presentes à reunião afirmaram que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, informou que não há recusos suficientes no Orçamento para atender a todas as demandas sociais. O partido e o conselho terão a tarefa de encontrar recursos para preencher essas lacunas financeiras. A verba para o combate à fome, entretanto, já estaria assegurada. O PT, desde que Lula foi eleito, vem fazendo um discurso cauteloso sobre as ações a partir de janeiro para não criar expectativas que podem não ser atendidas.

A mesma impressão sobre a difícil situação do país no ano que vem tiveram os presidentes nacionais do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), e do PGT, Canindé Pegado. Segundo Martinez e Pegado, a avaliação foi feita pelo presidente nacional do PT, deputado reeleito José Dirceu (SP), coordenador político da equipe de transição, durante uma reunião com representantes das legendas aliadas. Pegado revelou que o coordenador-geral da equipe de transição, Antônio Palocci Filho, prefeito licenciado de Ribeirão Preto, afirmou que o PT não fará co-gestão com o governo do presidente Fernando Henrique nesses dois meses que antecedem a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente nacional do PTB afirmou que Lula está consciente das dificuldades que terá no primeiro ano de mandato, sobretudo em função dos limites do Orçamento de 2003. Martinez afirmou que o presidente eleito admitiu que a felicidade caminhará bem até 1.º de janeiro, data da posse. “Depois, ele (Lula) sabe que vai ser difícil”, afirmou. O presidente nacional petebista defendeu a Presidência da Câmara para Dirceu. “O PTB apóia Dirceu para a Presidência da Câmara”, anunciou.

O presidente estadual do Partido Liberal (PL), Luís Antônio Medeiros, também não criou nenhuma expectativa em relação ao primeiro ano do futuro governo. “Não existe mágica, não existe milagre. Nós precisamos tomar um choque de realidade e em cima disso começar a trabalhar. Esse é o pensamento do PL”, disse Medeiros. O governador Ronaldo Lessa (AL), que representou o PSB na reunião do conselho político, defendeu a renegociação da dívida dos Estados ainda em 2003, mas ressaltou que esse tempo tem de ser definido por Lula.

A reunião dos partidos aliados do PT e que deverão participar do governo, de acordo com declaração do presidente eleito, contou com representantes de 12 siglas que apoiaram o novo Lula, além do PT. Também estiveram presentes o vice-presidente eleito José de Alencar (PL) e o coordenador-geral da transição de governo, Antônio Palocci. Participaram da reunião representantes do PC do B, PL, PMN, PCB, PDT, PPS, PSB, PV, PGT, PSDC, PTB e PHS.

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