Brasília – A derrota de Luiz Eduardo Greenhalgh, o candidato oficial do PT à presidência da Câmara, está amedrontando parlamentares petistas, que temem perder espaço no governo. Em meio à ressaca, parlamentares da sigla travam uma briga dentro da bancada, dificultando o consenso em torno de deputados que possam representar o partido e o governo na Câmara. O PT, que desde quarta-feira está discutindo quem serão os indicados para assumir as lideranças da bancada e do governo na Câmara – além de tentar fortalecer um nome que possa substituir o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PCdoB) – enfrenta mais uma disputa entre as correntes do partido.
Até a eleição da Câmara, Paulo Rocha (PA) era o nome preferido do campo majoritário, corrente que tem maioria no PT. Com a derrota, outras tendências resolveram brigar pelo cargo, para forçar uma mudança de rumo na articulação do governo com a bancada, além de uma divisão no próprio campo majoritário. ?Parte do campo não quer Paulo Rocha e está trabalhando para isso (derrotá-lo)?, afirmou um deputado, avaliando que o colega de legenda não tem ?presença forte em plenário?.
Enquanto isso, a ameaça de ser destituído tem preocupado o atual líder do governo, deputado Professor Luizinho (SP). Ele já estaria, segundo alguns assessores, preparado para receber a fatura do Planalto, que não o convidou, como de costume, para participar ontem da reunião de coordenação política. Luizinho é tido por colegas como um dos responsáveis pelo revés sofrido por seu partido e pelo governo na eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE).
Alguns petistas avaliam, pessimistas, que hoje o PT não tem parlamentares que preencham todos os requisitos ideais para assumir qualquer um desses cargos. O impasse deve ter um desfecho na próxima terça-feira, quando a bancada volta a se reunir para definir o assunto.
Em meio a tantas notícias turvas, o PT comemorou ontem, sem muito alarde, o fato de voltar a ter a maior bancada da Câmara com 91 deputados. Entre terça e quarta-feira, o PMDB filiou seis deputados e alcançou 94 membros. Ontem, porém, 4 parlamentares deixaram o partido. O deputado Ronivon Santiago (AC) teve sua filiação impugnada pelo diretório estadual de Rio Branco. Santiago responde a processos por denúncias de compra de votos.
Renato Cozzolino (RJ), eleito pelo PSC, teve sua filiação impugnada pelo diretório do PMDB em Magé. O diretório considerou que Cozzolino não tem ?afinidade programática? com a legenda. André Luis (RJ), que estava afastado do partido por denúncias de envolvimento com o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira, foi expulso do PMDB pela Comissão de Ética do diretório estadual do Rio. E o deputado Costa Ferreira (MA) pediu desligamento do partido.