Para sustentar a tese de que o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), usou a máquina pública para se reeleger, o PT vai utilizar a gravação do depoimento de um policial civil exibido ontem à noite pela Rede Globo de Televisão, de Brasília. O depoimento, segundo o PT  dará mais força ao pedido de investigação encaminhado à Justiça Eleitoral contra o peemedebista.

Na solicitação do PT enviada na semana passada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os advogados do partido sustentam que Roriz deve perder o mandato, porque policiais civis teriam feito campanha para ele, intimidando eleitores e agredindo militantes petistas. Segundo o PT, policiais armados e de uniforme agrediram militantes do PT no dia da eleição, gerando um clima de tensão no DF.

Na gravação veiculada pela Globo, o policial, que não se identificou, denunciou um esquema de suborno de vários integrantes da Polícia Civil. Estes teriam atuado para facilitar o trabalho de correligionários e cabos-eleitorais de Roriz no último dia 27, data do segundo turno. Na avaliação do procurador eleitoral Franklin Rodrigues, o depoimento do policial dá ?legitimidade? à acusação feita pelo PT. ?Se o policial quiser prestar depoimento à Justiça, isso poderá ser usado como mais uma prova pelo partido?, declarou o procurador.  Segundo ele, ainda cabe, como desdobramento desta representação, uma ação de improbidade administrativa contra Roriz, que tem, como conseqüência, em caso de condenação, a perda de mandato e a inelegibilidade do político.

Caso a Justiça Eleitoral do DF rejeite o pedido, o PT já avisou que encaminhará um recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os petistas estão confiantes de que poderão ter sucesso com essa ação, lembrando que o TSE já cassou os mandatos de um prefeito acusado de comprar votos com uma caixa d?água e do então governador do Piauí, Francisco de Assis Moraes, o Mão Santa, por abuso de poder econômico.

Os petistas avaliam que o TSE atuou de forma exemplar nesta eleição, chegando até mesmo a determinar a participação de tropas federais no dia do segundo turno da eleição no DF, o que surpreendeu até mesmo o PT. Essa decisão do TSE foi tomada diante de um clima de tensão em Brasília por causa das históricas disputas entre policiais militares, que, curiosamente  são simpatizantes do PT, e policiais civis, fiéis aliados do governador.

Numa reação às acusações, o diretor-geral da Polícia Civil, Laerte Bessa, negou envolvimento no suposto acordo para corromper seus subordinados. Procurado pela reportagem, o governador ainda não havia se pronunciado sobre o assunto até o fim da tarde de hoje. A Polícia Militar também instaurou um inquérito para apurar a participação de policiais no extravio de dois módulos impressores das urnas eletrônicas.

Além do pedido de cassação do registro de candidatura de Roriz, o PT também enviou à Justiça Eleitoral pedido de recontagem de votos do segundo turno das eleições para governador. Seu adversário, o deputado petista Geraldo Magela, foi derrotado por pouco mais de 15 mil votos.

Na ação, os advogados citam o fato de terem sido encontrados na rua dois módulos impressores usados pela Justiça Eleitoral, em Brasília. Hoje, a juíza Sandra de Santis, que analisa o pedido, encaminhou a ação à Procuradoria Regional Eleitoral (TRE). O procurador Antônio Carneiro Sobrinho prometia dar seu parecer ainda hoje.

 A Justiça Eleitoral também está analisando outra representação do partido: denúncia de compra de votos. De acordo com o advogado do PT Claudismar Zupireli, Roriz teria oferecido a servidores públicos cartão garantindo descontos em estabelecimentos comerciais. Além disso, correligionários do PMDB teriam distribuído cédulas de R$ 50 e camisetas aos eleitores.

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