Brasília – Como o senhor vê o recente troca-troca partidário em direção à base governista?
João Paulo: É uma combinação de coisas. Os partidos no Brasil não têm contorno muito determinado. Segundo, um governo forte, em que o presidente tem alta popularidade, atrai mais gente para sua base. Depois de ter aprovado as reformas e introduzido mudanças na economia, o governo mostra força maior. A atração é inevitável e o governo tem que ampliar sua base, desde que não se valha de métodos criticáveis.
A fidelidade não atrapalha a estratégia do Planalto de engordar a base?
João Paulo: A base do governo não pode engordar muito, senão morre de obesidade. Tem que engordar, mas que permita ter movimento, ter cara, ter silhueta, presença… Não sei se é o caso de fechar a porteira, mas tem que tomar muito cuidado.
O PT vai virar um partido-ônibus?
João Paulo: O partido tem que manter sua identidade. Uma coisa é o governo, que tem parceiros e partidos que pensam diferente. É uma aliança ampla, porque a tarefa de mudar o país não é de um homem apenas nem de um partido apenas só. Mas o partido tem que manter uma cara, uma identidade e um perfil próprio que não se confunde com o governo.
Nas eleições municipais, o PT deve se concentrar no crescimento próprio ou nas alianças com a base?
João Paulo: Sou favorável à política de alianças. Em alguns casos devemos apoiar candidatos aliados. Há gente boa nos outros partidos. Só temos que tomar muito cuidado.
Que tratamento será dado ao presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), acusado de envolvimento em corrupção?
João Paulo: O deputado Pedro Corrêa é inocente. Há algumas denúncias contra ele, mas, enquanto ninguém provar, temos que partir do princípio de que ele é inocente. Recebi a denúncia e enviei para o corregedor (Luiz Piahulino, do PTB de Pernambuco), que dirá quais medidas precisam ser tomadas. Mas é importante deixar claro, e isso vale para qualquer caso: a Mesa não vai tolerar qualquer irregularidade comprovada.
Que conselho o senhor dá aos senadores agora que vão votar as reformas?
João Paulo: Diálogo, transparência e celeridade.
Votar as reformas na Câmara foi mais difícil ou mais fácil do que esperava?
João Paulo: Sempre disse que votaríamos as duas reformas até setembro. Muitos colaboraram para isso e todos participaram do processo. As comissões especiais das reformas foram presididas pelo PFL. A oposição teve um papel construtivo, mesmo nos momentos mais tensos. Se a obstrução for contextualizada no tempo total gasto para votar, você vê que não foi nada. A prática democrática de envolver os partidos ajuda muito.