Com a indicação da deputada Sandra Rosado (PSB-RN), a base aliada ao governo na Câmara dos Deputados fez até ontem quase dez alterações na composição da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que irá analisar o recurso que contesta a constitucionalidade da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios.
Na avaliação da oposição, os partidos da base estão trocando os integrantes que poderiam votar contra o recurso e substituindo-os por votos certos contra a instalação da CPI. A apresentação do relatório sobre o recurso está prevista para terça-feira. O relator, deputado Inaldo Leitão (PL-PB), foi acusado pela oposição de não ter a parcialidade necessária para decidir a questão, já que assinou e depois retirou seu nome do requerimento de criação da CPI.
As duas últimas reuniões da CCJ foram obstruídas pela oposição, que quer dar tempo para que todas as indicações de integrantes sejam feitas antes de o recurso ser votado. De acordo com o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), a obstrução da CCJ vai durar no mínimo mais três semanas.
O líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES), confirmou que a base aliada quer encerrar o assunto nesta semana. "Vamos votar terça-feira na CCJ e ainda nesta semana em plenário. Vamos acabar logo com este assunto de CPI e impor a agenda positiva", afirmou.
Senado cria
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou ontem que, se a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos Correios cair, certamente o Senado criará a própria CPI para investigar as denúncias de irregularidades e que, nesse caso, voltará a assinar o pedido para que isto aconteça. "Se, no Senado Federal, 52 já assinaram o pedido de CPI mista, o governo precisa levar isso em conta", afirmou ontem, após participar de uma palestra do ministro da Educação, Tarso Genro, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo.
Durante a palestra de Genro, Suplicy recebeu calorosos aplausos dos alunos e os parabéns do professor Antônio Palma por ter assinado o pedido de CPI, mesmo tendo contrariado a decisão do diretório nacional do partido. "Não sou do PT, mas voto no sr., pelas suas posições", disse Palma ao senador do PT de São Paulo. Genro, que estava sentado ao lado de Suplicy na mesa de debates, brincou: "Está bom o seu cartaz, hein?" O senador do PT também criticou a iniciativa do governo em liberar emendas de parlamentares com a finalidade de barrar a CPI.
"Isso não faz bem ao PT e eu recomendo que não se utilize desse mecanismo. Eu aprendi sempre no PT que não se deve esperar dos parlamentares que estejam votando quaisquer matérias seja em função de nomeação de cargos, de liberação de emendas e de verbas e assim por diante; portanto, este é um procedimento que sempre criticamos", disse o senador.