Brasília – Onze meses depois de virar governo, o PT abre hoje a tão esperada reunião de dois dias do diretório nacional tendo como principal assunto a expulsão da senadora Heloisa Helena (AL) e dos deputados Luciana Genro (RS), João Batista de Araújo (PA) e João Fontes (SE), em elegante hotel de Brasília. Neste cenário de ruptura, choros, gritos e manifestações contra e a favor da degola anunciada, a cúpula petista também aprovará resolução política que aponta a necessidade de agenda mais social para o governo.
“O PT tem autonomia para indicar que precisa haver redirecionamento das prioridades do governo em 2004 e reorientação das políticas econômicas que privilegiem o emprego e a renda”, afirmou o presidente do PT, José Genoino. “É importante estar sempre com a luz amarela acesa.” O presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria ir à reunião, mas foi aconselhado por assessores a não aparecer por lá.
A expulsão de Heloisa e dos três deputados radicais que votaram contra a reforma da Previdência entrará em pauta só amanhã, mas as alas da chamada “esquerda” petista programaram protestos diante do hotel a partir de hoje. Caravanas de funcionários públicos e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chegarão de diversas partes do País.
Stalinismo
Ainda ontem, manifestantes organizaram atos em algumas capitais, pedindo clemência para os parlamentares rebeldes, mas a direção do PT não cederá. “Quando a minoria, prevalece está sendo negado o conceito de partido”, argumentou o secretário de Organização do PT, Sílvio Pereira. “Para me expulsar vão ter de deixar a marca do neostalinismo”, disse Heloisa.
Enquanto os radicais participavam de atos públicos na tarde e noite de hoje, o chamado campo majoritário, grupo que reúne os moderados do PT, definiam as estratégias para que o partido saia da reunião do diretório nacional – orçada em R$ 150 mil – sem tantas cicatrizes.
