PT está de salto alto, diz Virgílio

Prestes a assumir uma vaga no Senado, onde deverá liderar a oposição ao governo, o deputado federal Artur Virgílio (PSDB) fez irônicas críticas ao presidente Luiz Inácio da Silva e sua equipe. Para ele, Lula perdeu a identidade, pois usou um discurso completamente fora dos princípios que sempre defendeu apenas para conquistar o resultado nas urnas. Vírgílio – que estava acompanhado pelo senador João Olivir Gabardo (PSDB) – passou ontem por Curitiba onde veio contatar com lideranças políticas, e depois seguiu para Santa Catarina.

Com um discurso pouco convincente, e até mesmo se perdendo na hora de falar do seu partido – apresentou-se por engano como líder do PMDB -, Virgílio disse que dará o tom da oposição no Senado. “Será uma oposição coerente, ambiciosa, de quem quer voltar ao governo”, disse, acrescentando que o presidente e sua equipe vem cometendo uma série de erros e equívocos, e por isso é que vão trabalhar com outros segmentos que estão contrários ao governo. “Não será nenhuma campanha Fora Lula, como eles lideraram no passado com o Fora FHC”, afirmou, garantindo que será uma oposição que quer honrar os 33 milhões de votos do ex-candidato José Serra (PSDB).

Em uma nova condição dentro do governo, Artur Virgílio diz que o PSDB não estará sozinho na oposição, pois conta com uma parcela “substancial” de membros do PPB, PFL e PMDB, situação muito diferente do que o PT vem divulgando através da imprensa. Virgílio disse que são apenas notas terroristas, e ironizou: “O homem é seu estilo”. A suposta maioria que o governo diz ter não irá impedir a oposição de criar Comissões Parlamentar de Inquérito (CPI) quando elas forem necessárias. “Mas não será nenhuma CPI indecorosa como as que criaram no governo do Fernando Henrique”, alfinetou.

Para a senador eleito, o “PT está de salto alto”, e praticando deslavado fisiologismo. “Usam até siglas para se comunicar. Falam, por exemplo, do G12, que significa que 12 deputados estão seguindo as orientações deles. Mas no meu partido isso não existe, pois é formado por políticos resistentes e lutadores”. A mudança de discurso do governo está assustando até mesmo os membros do PT, comentando que a senadora Eloísa Helena é uma prova disso, pois sempre defendeu uma posição indicada pelo partido, e agora perdida e acuada.

Reformas

A Reforma da Previdência que o governo pretende aprovar o mais rápido possível não deverá passar com facilidade pela Câmara. “Agora o Lula descobriu que a Reforma não é para matar velhinhos. Mas antes, quando nós queríamos aprova-la, o PT colocava o pessoal da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que é patrocinada pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), para ficar incitando a sociedade contra nós”. “Se não for uma reforma inócua nós iremos aprovar”, garantiu.

Quanto às reformas Tributária e Política, Artur Virgílio diz que agora não é mais interessante para o governo e os partidos aliados discutirem os temas. O senador eleito fala que essa é apenas mais uma incoerência que tem marcado do governo Lula. Virgílio criticou a indicação de Henrique Meirelles para a direção do Banco Central, e a dispensa de Armínio Fraga do cargo antes do previsto. “Porém eles mantiveram a mesma diretoria, inclusive a diretora Tereza Grossi, que no passado eles chamavam de desonesta”.

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