Brasília – Ao sair do Palácio do Planalto depois de encontro com o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, o presidente nacional do PT, Tarso Genro, disse que é preciso uma modificação nas relações do PT com o governo e avisou que a partir de agora o partido vai se dirigir ao governo apenas através de ?instâncias delegadas?. Tarso disse que qualquer relação com o governo será feita por essas instâncias e que o PT não responderá por relações individuais ou de grupos não indicados pelo partido.

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?A partir de agora as relações serão feitas por instâncias delegadas do partido, qualquer relação de grupo, de personalidade, de indivíduo, é por conta desse indivíduo. Não estabelece mais nenhum compromisso com o partido e com o governo naquilo que for acertado?, afirmou.

O presidente do PT defendeu as relações entre partidos e governos e admitiu que a crise política atual se deve muito ao tipo de relação estabelecida entre o PT e o governo. Na opinião dele, o partido vinha funcionando como um ministério sem pasta e a relação com o governo deixou de ser feita pela estrutura partidária, passando a ser baseada nas relações entre pessoas.

?O partido tinha sido pelo menos até há algum tempo praticamente uma extensão do governo, que funcionava como uma espécie de pasta do governo. Isso não só reduziu a capacidade de o partido contribuir com propostas e críticas como fez com que o partido deixasse de funcionar nas suas instâncias regulares e as relações fossem mais relações entre pessoas, e não entre governo e estrutura partidária?, afirmou.

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Tarso disse que transmitiu a Wagner a opinião do PT em relação à crise política, afirmou que é importante que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteja se dirigindo às bases, mas observou que é preciso ir além disso, tomando outras providências. ?O governo deve se mover politicamente. Para responder à crise política, é importante o que o presidente vem fazendo, se reencontrando com suas bases. Isso faz parte da democracia, é bom para o País, mas a solução da crise tem que pegar essa energia que vem da sociedade e transitar por dentro das instituições para que haja um grande processo de negociação política. E na opinião do partido, isso não pode implicar em nenhuma hipótese em qualquer tipo de impunidade ou relevo de condutas irregulares que ocorreram até agora?, afirmou.