PT encurta o ritual para punir rebelde

São Paulo

– A Comissão Executiva do Partido dos Trabalhadores decidiu ontem, por 12 votos a cinco, encaminhar o caso do deputado federal João Fontes diretamente para julgamento no Diretório Nacional do partido, sem necessitar de um julgamento pela comissão de ética. Segundo o presidente nacional do PT, José Genoíno, o deputado João Fontes assumiu uma posição inadmissível ao divulgar fitas de 1987 que mostram Luiz Inácio Lula da Silva criticando propostas de reforma da Previdência como a taxação dos inativos, semelhantes às que agora defende como presidente.

Pela manhã, João Fontes chamou Genoino de inquisidor-mor do partido. O presidente do PT não quis responder ao ataque e ressaltou que a iniciativa de julgar o deputado por ter divulgado a fita partiu da bancada do partido na Câmara. “Eu não vou responder a ataques pessoais. O PT garante o direito pleno de crítica, de divergência, isso é a história do PT. O que o PT tem dito é que esses parlamentares têm de assumir publicamente o compromisso de votarem de acordo com as decisões da bancada do partido”, acrescentou Genoino.

Segundo ele, a “ação dos deputados João Fontes e Luciana Genro de divulgar uma fita para atacar o presidente Lula foi considerada inaceitável pela bancada”. “A fita foi editada e divulgada com o objetivo explícito de oposição pessoal ao presidente Lula. Não é uma fita de divergências políticas nem de debate”, disse.

João Fontes disse que a fita é verdadeira e seria uma contradição o PT punir um parlamentar por se manter fiel ao que o partido sempre pregou: “É lamentável que tudo isso esteja acontecendo. Genoino se tornou um inquiridor-mor. Eu fui afastado da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara por entender que a cobrança de inativos é inconstitucional”.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) classificou como “absurda e truculenta” a decisão da executiva petista de levar o caso do deputado João Fontes (PT-SE) para o diretório nacional, sem que ele pudesse ser ouvido pelo partido ou pela Comissão de Ética da legenda. “É uma decisão absurda, truculenta. Nos outros casos, tivemos a oportunidade de apresentar a defesa, mesmo antes de chegarmos à Comissão de Ética”, criticou.

Os demais casos que Heloísa se refere são o dela próprio e o dos deputados Luciana Genro (PT-RS) e João Batista de Araujo (PT-PA), o Babá, que tramitam na Comissão de Ética da sigla e que serão apreciados pelo diretório nacional em setembro, quando a agremiação julgará o episódio envolvendo Fontes. Ele corre o risco de ser expulso do PT por ter divulgado um vídeo de 1987 com imagens de Lula atacando a reforma da Previdência.

Para a senadora do PT de Alagoas, a legenda errou ao não permitir que Fontes expusesse a sua opinião na reunião de ontem.

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