PT e PSDB admitem acordo nos Estados

São Paulo – Um é governo e o outro oposição, mas PT e PSDB estão discutindo a possibilidade de formar alianças em pelo menos nove cidades estratégicas de um grupo de 90 com mais de 150 mil eleitores.

A direção do PT decidiu jogar pesado para atrair mais tucanos e fechar os acordos. Vai negociar até apoios regionais para 2006, no Senado e na Câmara, segundo o presidente do partido, José Genoino. As articulações, porém, são feitas a contragosto de parte da cúpula tucana, empenhada em derrotar o partido do governo federal com vistas à disputa de 2006.

A tática petista para dividir os apoios tucanos pelo país é clara: “Não trataremos a oposição tucana em bloco. Temos os tucanos truculentos e os não-truculentos”, diz o presidente nacional do PT. A direção do PSDB reage com cautela: quer evitar alianças com o PT sem causar crises regionais.

“Não gostaríamos de fazer qualquer aliança com o PT. Mas não podemos impedir os interesses locais”, disse o secretário-geral do PSDB, deputado Bismarck Maia (CE), depois de frisar que o partido está empenhado em crescer nas capitais. “Regra é uma coisa, mas na exceção é preciso admitir: os interesses locais são fortes e não há como impedi-los. Temos uma recomendação contra o PT, mas não podemos violentar os municípios”, diz o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Entusiasta

Integrante da executiva nacional do PSDB, o prefeito de Vitória (ES), Luiz Paulo Vellozo Lucas, é um defensor das alianças locais com o PT. No Espírito Santo, o PSDB apoiará o PT em Piuma e Divino de São Lourenço. De outro lado, o PT apóia o PSDB em Ibatiba e Bom Jesus do Norte, segundo Vellozo Lucas: “A eleição precisa ser decidida segundo a realidade local. Há lugares onde, juntos, PSDB e PT combatem oligarquias locais e casos de corrupção aguda. Na verdade, o governo do PT é muito ruim, mas a realidade nacional não prevalece nos municípios”, comentou. .

Outro tucano contrário à federalização da campanha, Arnaldo Madeira, secretário da Casa Civil do governo tucano de São Paulo e membro da executiva, admite que cada cidade tem regras diferentes. “Nós e o PT somos muito diferentes, e não precisa haver determinação nacional para barrar as alianças. Mas nem em todos os municípios isso se repete”, disse Madeira.

Governadores são essenciais

Brasília

– O incômodo passa ainda pelos governadores, considerados capitães nas alianças regionais. “Ainda não temos nada fechado, e seria bem possível de nossa parte acertar com o PT. Mas está difícil. É que o PT foi lento e agora quem decidirá será a minha base de apoio (PP, PSB, PTB, PL e PPS), que está contrária ao PT. Não vou sem levar minha base junto”, diz o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

“Podemos fechar ainda com o Perillo, até porque não temos nomes competitivos em Goiás. Internamente 2006 é um arquivo fechado no PT, mas com os aliados faremos sinalizações sim”, diz José Genoino.

Em outras capitais, como Belo Horizonte, a influência do governador também é fundamental. O tucano Aécio Neves deve dar a palavra final para as negociações em andamento. Ainda está em debate no PSDB a candidatura própria, com o senador Eduardo Azeredo. Mas as conversas estão em curso.

Já as cidades de menor porte, como Petrópolis, levam em conta mais os interesses locais. O PSDB não tem candidato próprio e conversa com outros partidos, principalmente o PT. Estão na mesa de negociação os cargos que os tucanos terão no possível governo, caso o PT eleja o vereador Paulo Mustrangi.

“Havia uma pressão contrária da direção regional e da nacional, e toda a conjuntura do governo do PT. Por isto ainda não fechamos nada”, disse o presidente local do PSDB, vereador João Tobias. Se depender do PT, não haverá problemas. Segundo Genoino, o PT estará aberto até para abrir “cabeças de chapa” em alguns municípios. “Ainda vai haver muita negociação política e o PT está aberto”, diz.

Cúpula do partido assedia Erundina em SP

São Paulo

– De olho em mais de um milhão de eleitores que já declaram ter intenção de votar na deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) na disputa pela prefeitura de São Paulo ? em recente pesquisa do Datafolha ela aparece com 12% nas intenções de voto ? dirigentes do PT e do PSDB querem aliar-se ao partido da ex-prefeita ainda no primeiro turno da disputa.

Considerado o fiel da balança nesse início de corrida sucessória com o quarto lugar nas sondagens, o PSB de Erundina começa a ser assediado para formar em São Paulo a aliança nacional que dá sustentação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Não estamos assediando nem pressionando ninguém. Acontece que temos a aliança nacional com o PSB e vamos lutar para fazê-la na maioria das cidades. Respeito a Luiza Erundina, e a política de alianças está ainda na fase do namoro, da paquera. É claro que estamos paquerando o PSB há muito tempo”, admite o presidente nacional do PT, José Genoino.

A candidatura da deputada, no entanto, parece irreversível. Ela mesma afasta a possibilidade de apoiar seja quem for no primeiro turno. “Isso não existe. Minha candidatura é viável e estamos prontos para a disputa”, diz Erundina, que não esconde o assédio dos outros partidos para que desista de sua candidatura.O PSDB também não omite o desejo de ter Erundina no mesmo palanque do ex-ministro José Serra. O secretário-geral do PSDB, deputado Bismarck Maia, no entanto, prefere a cautela ao comentar o namoro que, segundo interlocutores, já começou.

“Estamos absolutamente abertos a um arco de aliança dentro da coerência, e uma aliança com o PSB não podemos deixar de dizer que seria coerente”, afirma.

Maia, que diz considerar Luiza Erundina um “grande quadro” na história política do Brasil, despista ao ser perguntado sobre o assédio do PSDB ao PSB. Mas avisa:

“Lógico que não vejo qualquer problema numa aliança entre os dois partidos”, diz o dirigente do PSDB.

Fundo garante recursos para candidatos

São Paulo

– Amparada no peso político do governo Lula, a direção nacional do PT vai entrar em campo para garantir que não falte dinheiro aos seus candidatos nas eleições deste ano. O Diretório Nacional aprovou a criação de um Fundo Nacional de Apoio às Eleições (Funae) e a Comissão Executiva do partido deve criar em junho uma Comissão de Acompanhamento Financeiro (CAF), chefiada pelo secretário nacional de Finanças, Delúbio Soares, ex-caixa de campanha de Lula, que rodará o Brasil pedindo dinheiro às campanhas petistas.

“Podemos ir até um determinado Estado, conversar com os principais empresários e pedir doações para as campanhas daquele Estado”, exemplificou. A proposta de criação da CAF será apresentada à executiva do PT até o fim de junho. Segundo Delúbio, para engordar os recursos do Funae, o partido deve lançar mão do valioso mailing usado na campanha de Lula, em 2002, do qual constam os contatos de mais de milhares de empresários brasileiros.

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