PT e PMDB debatem eleições para Congresso

Brasília – O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), disse que vai se reunir hoje com dirigentes petistas disposto a manter sua intenção de disputar a indicação do partido para a presidência do Senado na reunião da bancada, marcada para o dia 31 de janeiro, caso não haja uma solução para o impasse entre as duas correntes do partido: a atual direção, de oposição ao governo, e a ligada ao senador José Sarney (PMDB-AP), governista.

“O impasse continua. Se não houver uma saída consensual, vamos para a disputa. A sugestão que tenho para sair desse impasse é deixarem que o PMDB escolha livremente o seu candidato e decida o seu caminho”, afirmou Renan. Participam do café da manhã, além de Renan, o presidente do PT, deputado José Genoino (SP); o atual e o futuro líderes do PT no Senado, Eduardo Suplicy (SP) e Tião Viana (AC), e o senador eleito e futuro líder do governo no Senado e no Congresso, Aloizio Mercadante (SP).

A estratégia da sigla até a eleição das duas Mesas, prevista para o início de fevereiro, é trabalhar numa composição ampla na distribuição dos cargos e evitar disputa em plenário. “Preferimos não deixar seqüelas para construir uma sólida base parlamentar do governo”, afirmou Genoino. O presidente nacional do PT, deputado José Genoino (SP), também vai se encontrar hoje, ao meio-dia, com o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Nesse encontro, segundo Genoino, será discutida a “relação institucional” entre os dois partidos para a composição das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado.

Compensações

A interlocutores próximos, Renan tem afirmado que não vê as compensações acenadas pelo governo como solução para o impasse. Na disposição de eleger Sarney, o governo fala em se empenhar para manter Renan na liderança do partido no Senado ou para elegê-lo presidente do PMDB no lugar de deputado Michel Temer (PMDB-SP). Para Renan está claro que o governo quer eleger Sarney presidente do Senado, mas quer mantê-lo como aliado. “O que eles querem está claro, mas é possível? É o que vamos discutir”, disse.

Temer deseja continuar

Brasília (AE) – O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), afirmou ontem que não abre mão de comandar o partido até setembro, quando termina seu mandato. Temer considerou um “absurdo” as especulações de que a presidência do PMDB ficaria com o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), como uma forma de compensá-lo por uma eventual derrota na disputa pela presidência do Senado.

O Palácio do Planalto e a cúpula do PT já deixaram claro que preferem ver o senador José Sarney (PMDB-AP) no comando do Senado e continuará nesta ofensiva ao longo desta semana com várias reuniões políticas. “Tenho mandato até setembro e essa história é uma absurdo”, reagiu Temer, ao garantir que está em contato diário com o líder peemedebista para tentar encontrar uma solução em conjunto para o impasse criado em torno da presidência do Senado.

As negociações entre petistas e peemedebistas prosseguem amanhã, durante um café da manhã entre o presidente do PT, José Genoíno, e Renan Calheiros. Na quarta-feira, Genoíno se reúne com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), para discutir os cargos a serem ocupados por pefelistas na mesa do Senado e da Câmara e nas principais comissões permanentes das duas Casas. O PFL deverá ficar com a primeira vice-presidência do Senado – os candidatos são dos senadores José Jorge (PE) e Romeu Tuma (SP) – e da Câmara -o candidato é o atual líder Inocêncio Oliveira (PE) -, além de comandar a Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Com o intuito de eleger Sarney para presidir o Senado, os governistas estariam dispostos a compensar Renan Calheiros: ajudar a mantê-lo na liderança do partido no Senado ou se empenhar na sua eleição para presidência do PMDB no lugar de Temer. Para Renan está claro que o governo quer eleger Sarney presidente do Senado, mas quer mantê-lo como aliado. “O que eles querem está claro, mas é possível? É o que vamos discutir” disse Renan.

Lançado candidato à sucessão de Renan na liderança do PMDB, o senador Pedro Simon (RS) criticou a interferência do PT nas questões internas de seu partido. “Não imaginava que o PT iria se intrometer tanto na disputa do Senado. Essa ação do PT é estranha e eu não esperava isso”, afirmou Simon. Em sua avaliação, depois da interferência do Planalto, a escolha de Sarney para presidir o Senado é praticamente certa, na reunião da bancada marcada para o dia 31 de janeiro. “O PT quer que o Congresso seja a cara dele”, observou.

Privilégios são mantidos

Brasília (AE) – Entre as carreiras cujos direitos adquiridos estão bem à frente da maioria da população, estão a dos ex-senadores. Qualquer que tenha sido o tempo do mandato, eles e seus dependentes terão direito, até o fim da vida, a atendimento médico. A festa com o dinheiro público é igualmente pródiga na manutenção do sorriso daqueles que passaram algum tempo no Senado na condição de titular: o ex-senador terá à sua disposição R$ 10 mil por ano para tratamento odontológico. É o caso do advogado Ulisses Riedel (PSB-DF), suplente do senador Lauro Campos (PDT-DF), que morreu na semana passada. Riedel assumiu os últimos 15 dias de mandato de Campos e terá direito a essas regalias.

Os direitos são assegurados por um ato da Mesa Diretora de 1995, na gestão do então presidente José Sarney (PMDB-AP).

Técnicos da Casa garantem que a intenção de Sarney era acabar com a regalia pós-mandato que também beneficiava os suplentes. Eles também podiam pôr na conta do contribuinte suas despesas e a da família com médico, além de terem direito aos R$10 mil para pagar o dentista. Só que, na correção, a Mesa restringiu o direito ao “senador que tenha exercido o mandato como titular”, abrindo brecha para aqueles que ficarem apenas dias no cargo.

Com isso, os ex-senadores, sua mulher e filhos menores de 18 anos ficam liberados a utilizar os serviços médicos mais dispendiosos do País, às custas do contribuinte.

Senador é candidato

Brasília (AG) – Nem mesmo os acontecimentos dos últimos dias, em que ficou clara a preferência do Palácio do Planalto pela candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, abalaram a disposição do líder do partido, senador Renan Calheiros de levar a disputa adiante. Renan resiste e, embora tenha reaberto os entendimentos com o PT, avisa que sua candidatura está mantida

Renan explica que não renuncia porque sua candidatura pertence à bancada e garante estar trabalhando pela unidade da legenda. – O PMDB é o maior partido constituído do Congresso, mas sua ação política é limitada pela divisão e por brigas políticas -afirmou Renan.

Preocupação

A maior preocupação do PT na retomada das conversas com Renan é evitar a reprise da última disputa, entre Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA), que desgastou o Senado. A tarefa exige uma engenharia complicada, já que nem Renan nem Sarney estão dispostos a ceder, expondo cada vez mais a fissura no PMDB. – Em vez de falarmos sobre candidatura, temos que buscar a pacificação do PMDB. Ao PT não interessa uma sucessão com mágoas, com guerra – justificou Genoino.

O presidente do PT não admite sequer conversar sobre um terceiro nome, alegando que isso aguçaria a crise. -Temos que conversar com o PMDB e com os demais partidos para saber que nome transita com mais facilidade. Nossa idéia é conversar, sentir o clima – acrescentou Genoino.

PSDB reúne lideranças

Agência Câmara – O reinício dos trabalhos legislativos e a composição da Mesa da Câmara, além da posição do PSDB no novo governo, serão os principais temas da reunião da Executiva Nacional do partido amanhã, em Brasília. O presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), disse que a agenda do novo governo também está na pauta do encontro, principalmente no que se refere às reformas, entre elas a da Previdência.

“A agenda, no que se refere às reformas, é a nossa, que iniciamos com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e que realmente é muito importante que caminhe, que avance. Para nossa satisfação, o novo governo tem dito que quer realizar as reformas, destaca a reforma da Previdência, coisa com a qual nós nos identificamos, queremos colaborar”.

Sobre a possibilidade de formação de um bloco com o PFL, de oposição, José Aníbal disse que a intenção era manter uma ação conjunta entre os partidos que deram sustentação ao governo Fernando Henrique, e não para disputar cargos na Mesa ou em comissões da Câmara e Senado.

Ele admitiu que a idéia perdeu força no momento, o que não inviabilizaria uma ação conjunta dos partidos no futuro, mas sem a necessidade de formação de um bloco. José Aníbal afirmou ainda que o PSDB fará oposição ao governo Lula, mas de forma responsável, comprometida com as matérias importantes para o País. A reunião da Executiva está marcada amanhã, a partir das 11 h, em Brasília.

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