Brasília  – O PT e PMDB devem iniciar, hoje, conversas formais para acertar o apoio do PMDB ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva e negociar as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado.

O encontro deverá reunir o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), e o secretário-geral do partido, Luiz Dulci, com a direção do PMDB. A informação foi dada pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que não excluiu a possibilidade de o próprio presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, vir a participar do encontro.

“Estamos à disposição. Vamos conversar tantas vezes quantas for necessário”, afirmou Calheiros, ao relatar que recebeu, às 19 horas, um telefonema de José Dirceu pedindo uma reunião com a cúpula do PMDB para amanhã.

Renan Calheiros admitiu que poderá disputar a presidência do Senado no voto, no plenário daquela casa do Congresso, se não houver acordo em torno do preenchimento do cargo. “Vamos buscar o consenso. Mas, senão vamos escolher pelo voto. Eu posso levar minha candidatura ao plenário”, disse Calheiros, anunciando que o partido, que individualmente já é majoritário no Senado, poderá ganhar novas filiações de senadores, mas não quis citar nomes.

Governadores

O PMDB também vai reunir sua Executiva Nacional e os governadores eleitos para se posicionar em relação ao governo Lula. “Não é hora de decidir se somos ou não oposição; é hora de decidir uma posição”, afirmou Renan, deixando claro o interesse do PMDB de ajudar na governabilidade, “sempre pensando no Brasil”. Ele informou que serão ouvidos todos os segmentos do partido, inclusive as bancadas do partido na Câmara e no Senado. Em relação às presidências das duas casas do Congresso, Calheiros disse que essa questão deve ser tratada de forma institucional, ou seja, que as negociações entre PT e PMDB não sejam individuais, mas sim passar pelo partido. O recado é para o senador José Sarney (PMDB-AP), que vem mantendo conversas com petistas com o propósito de presidir novamente o Senado.

Ontem, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e José Sarney discutiram essa questão. Ele acha que o encontro “ajuda no entendimento de que a bancada do PMDB, que é majoritária no Senado, é que vai escolher o candidato à presidência da Casa”. “O PMDB quer que a presidência seja tratada de forma institucional, e tenho certeza de que, se não for assim, haverá pro blemas para a governabilidade”, afirmou Calheiros.

Partido não exige cargos

Brasília

(AG) – O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MT), disse que o PMDB deve assumir uma posição de ajudar o Brasil, independente de ter ou não cargos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva a partir do ano que vem. Segundo Tebet, não existe mais no Brasil oposição radical. Ao chegar ao Senado, Ramez Tebet comentou sua expectativa para a reunião da Executiva do partido marcada para esta terça-feira em que o PMDB pretende definir sua posição em relação ao futuro governo.

– Nós temos obrigação de ajudar o Brasil e para isso o PMDB não precisa de cargos, pode ajudar a construir sem trocar nada. Sem nenhum cargo – afirmou Tebet.

E acrescentou: – Hoje não existe mais oposição radical ou sectária. Aquilo que for bom para o país, o PMDB deve apoiar e aquilo que for ruim para o país o PMDB deve refugar. Essa é a minha tese, sem nenhuma forma de adesismo mas com o firme propóstito de atender os desejos da sociedade – afirmou.

Tebet disse que não tem percebido nenhuma interferência por parte de Lula nas discussões internas do PMDB pela indicação de um nome à presidência do Senado no ano que vem.

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