Belo Horizonte
(AG) – O PT e o PL romperam a aliança em Minas Gerais, reduto eleitoral do empresário José Alencar (PL), candidato a vice-presidente na chapa de Lula. A reunião terminou no começo da noite de ontem. As dificuldades de consolidar a aliança já provocaram uma crise profunda no PT de Alagoas, com a desistência da candidata ao governo, senadora Heloísa Helena. Em Minas não houve acordo porque o PT não quer fechar uma coligação com o PL para a candidatura dos deputados estaduais. O PL fala até em acabar com a aliança em nível nacional.O secretário-executivo do PT em Minas Gerais, Paulo Cesar Duque, disse que “a forma como o PL está se colocando é bastante impositiva”. Líderes do PL de Minas Gerais exigiam que o número de deputados estaduais fosse dividido meio a meio: metade para o PT, metade para o PL. Essa divisão desagradou os petistas e os liberais chegaram a falar até mesmo em romper a aliança nacional por causa do impasse. O impasse foi discutido em reunião que contou com a participação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula e Alencar saíram sem falar com a imprensa.
Em São Paulo, Valdemar Costa Neto, presiodente nacional do PL, disse que a desistência da senadora Heloísa Helena (PT) de sair candidata ao governo de Alagoas, por discordar da coligação com o PL, pode ser benéfica para Lula. Em Alagoas, muitos liberais são ligados ao ex-presidente Fernando Collor de Mello. “Isso favorece o Lula porque mostra que ele quer fazer fazer alianças com outros partidos”, afirmou Costa Neto ao comentar a desistência da senadora.
Em Alagoas, o presidente do diretório regional do PT, deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, discordou. Para ele, a crise provocada pela intervenção da executiva nacional no PT de Alagoas, impondo a aliança com o PL local, vai prejudicar a campanha de Lula. “Os estragos são irreversíveis”, afirmou. Ele acha que a renúncia de Heloísa prejudica a campanha de Lula, pela liderança que ela exerce no Estado. O PT tem dez dias para escolher o substituto de Heloísa.
Pediu grampo
Um outro problema para Lula ontem foi a divulgação de carta pela Polícia Federal, na qual o próprio Lula e o presidente nacional do partido, José Dirceu, pedem providências nas investigações da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. A carta foi encaminhada, no dia 22 de janeiro, ao presidente Fernando Henrique Cardoso. O problema é que entre as ações que os dirigentes petistas consideram importantes para as investigações está o uso da escuta telefônica. A PF tornou pública a carta para rebater a acusação de que a corporação teria motivação política ao realizar grampos telefônicos durante as investigações em Santo André.
Segundo o chefe da assessoria de comunicação social da PF, Gladstone Campos Reis, a carta do PT revela que a PF agiu com lisura, já que a escuta foi pedida pelos próprios petistas. Gladstone afirmou que as investigações tiveram como viés o narcotráfico porque a equipe que estava à disposição à época era da Delegacia de Repressão a Entorpecentes. “Com isso definitivamente acabamos com a suspeita de investigação política. A carta mostra que agimos a pedido do próprio Lula e que a investigação deu resultados, já que descobrimos os nomes dos envolvidos com o assassinato do prefeito Celso Daniel”, afirmou.