São Paulo – Implacável na punição de faltas disciplinares, o PT não demonstra o mesmo ímpeto quando se trata de investigar a participação de seus militantes em denúncias de corrupção. São poucos os casos em que o PT aplicou punições ou instaurou comissões de ética nesses episódios. O partido argumenta que não pode se antecipar à Justiça e julgar companheiros que ainda não foram condenados nos tribunais. Mas, em alguns casos, protagonistas de escândalos foram premiados com cargos pelo partido.

Em 24 anos de PT, ninguém foi expulso pela direção nacional por corrupção. Segundo o PT, é impraticável pesquisar os mais de cinco mil diretórios municipais e 27 diretórios estaduais. Porém, embora alguns acusados tenham sido investigados, punidos ou pressionados a deixar o partido, a maior parte dos escândalos passou em branco. É o caso da suspeita de cobrança de propina para o caixa do PT na Prefeitura de Santo André. Dois ex-secretários (o vereador Klinger de Oliveira e Miriam Belchior) e um militante petista (Ronan Maria Pinto), foram denunciados pelo Ministério Público, em casos diferentes, por supostas irregularidades na administração de Santo André. O PT local não se manifestou.

Miriam, ex-mulher de Daniel, é acusada de responsabilidade em compras superfaturadas e hoje trabalha no gabinete da Presidência, ao lado do chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, que também foi secretário na Prefeitura de Santo André. Outro caso é o de Sandra Recalde, ex-coordenadora de Comunicação do governo petista do Mato Grosso do Sul, acusada pelo Ministério do Trabalho de participar de um esquema de desvio de dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Ela trabalhava até pouco na Secretaria de Comunicação, recebendo R$ 4.850. Ela e Agamenon Rodrigues do Prado, ex-secretário do Trabalho, chegaram a ser investigados por uma comissão do PT. Agamenon é o secretário de Organização do PT no estado.

No Rio Grande do Sul, o tesoureiro do diretório, Jairo Carneiro dos Santos, foi expulso por desviar recursos do partido. Já Diógenes de Oliveira, integrante da coordenação de campanha petista acusado de receber benefícios do jogo do bicho, abandonou o partido antes de ser expulso.

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