Brasília – O PT, apostando no sucesso da política econômica do governo, pretende fazer do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, um dos principais cabos eleitorais do partido nas eleições municipais deste ano.
Ele e outros ministros substituiriam assim, como estrelas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que os líderes dos partidos aliados não querem ver no palanque de seus adversários locais.
Apesar de ter prometido trabalhar a favor dos dois companheiros de partido, Lula comunicou ao presidente do PT, José Genoino, que decidiu não participar das eleições municipais de outubro. A tarefa de ajudar os candidatos do partido será dos ministros petistas. “O presidente não vai subir em palanques e nem participará de comícios. Só não discutimos ainda se ele fará gravações para candidatos do partido”, confirmou Genoino.
Segundo ele, o PT respeita a decisão de Lula. A avaliação do partido é de que a vinculação da imagem do PT à do presidente é quase automática. “Durante as eleições, Lula será presidente da República apenas”, garantiu Genoino.
Não-agressão
A decisão de Lula deverá contribuir para o PT levar adiante o pacto de não-agressão proposto aos demais partidos da base. A avaliação feita por assessores de Lula é de que sua presença em comícios e palanques poderia provocar ciúmes nos aliados e levar o presidente para o centro do debate eleitoral, vulnerável aos ataques da oposição.
“Não queremos criar qualquer constrangimento ao presidente”, observou Genoino.
Já os ministros estão liberados para participar da campanha eleitoral, desde que fora do expediente de trabalho e sem usar a máquina pública federal. “O PT vai bancar as viagens de todos os ministros que quiserem participar das campanhas”, antecipou Genoino.
Com 16 ministros no governo, o PT considera natural a participação deles, embora ela não seja obrigatória. “Mas como todos esses ministros deverão ser candidatos em 2006, é natural que todos estejam interessados em participar desta eleição. Mas todos estão avisados que campanha só pode ser feita fora do horário de expediente e sem uso da máquina federal”, avaliou Genoino.
Campanha
Apesar de Genoino afirmar que cada diretório municipal terá seu próprio caixa de campanha, o comando do PT, entre a arrecadação compulsória e proporcional dos seus filiados e a verba do fundo partidário, terá entre R$ 80 milhões a 100 milhões para gastar com as despesas de viagens dos ministros, edição de cartilhas impressas e eletrônicas aos candidatos, simpósios e conferências durante a campanha.
O PT, informou Genoino, fará alianças com todos os partidos, inclusive com os mais ferrenhos adversários na política nacional, o PSDB e o PDT. A exceção é o PFL. Genoino também rotulou o governo Lula de esquerda, condenou a “despetização” e criticou as intrigas e brigas internas no partido e no governo.