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Foto: Agência Câmara
Comando da Câmara dos Deputados coloca mais uma vez parte do PT de um lado e o presidente Lula de outro.

Brasília (AE) – O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, confirmou ontem que a bancada petista na Câmara pretende apresentar um candidato à presidência da Casa, apesar das objeções do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas Garcia aposta que essa não é uma decisão ?irredutível? do partido e não vai prejudicar as negociações com os partidos aliados porque o PT não é intransigente.

?O PT tem candidato, depois verá se vai mantê-lo ou não. Simplesmente isso. Vai depender do quadro político, das negociações. O PT não é intransigente, nunca foi e vai ser agora? Não tenho a menor dúvida sobre isso?, garantiu Marco Aurélio. Lula já demonstrou internamente que apóia a permanência do atual presidente Aldo Rebelo (PCdoB) no cargo. Aldo quer ficar e seu partido, também. Mas o PT, com seus 83 deputados, acredita ter espaço para ganhar a presidência e não quer abrir mão disso, mesmo batendo de frente com o presidente.

?A bancada do PT na câmara considera que pode um deputado petista ocupar a presidência. Ela (a bancada) já encaminhou essa questão e nós achamos que é uma demanda que corresponde não só ao peso que partido tem na Câmara mas a qualidade dos seus deputados?, defendeu Garcia. Mas o presidente interino do partido lembrou que essa não é uma decisão que o PT poderá tomar sozinho. ?A eleição da presidência da câmara deve corresponder também a essa política de coalizão mais ampla que nós estamos não só propondo, mas começando a implementar?, afirmou.

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Se as negociações previstas por Marco Aurélio não surtirem efeito, o governo Lula vai se ver na situação de ter três candidatos da sua base disputando a presidência da Câmara: Aldo, provavelmente o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, que pretende ser indicado pelo PT, e um peemedebista, que pode ser Geddel Vieira Lima (BA) ou Eunício Oliveira (CE).

Esse tipo de disputa dentro da base aliada já levou a conseqüências desastrosas para a Câmara. Em 2005, quando o Planalto apoiou o deputado Luis Eduardo Greenhalgh (SP) para a presidência e a bancada petista preferiu Virgílio Guimarães, quem terminou sendo eleito foi o então deputado Severino Cavalcanti (PP-PE). Severino renunciou 10 meses depois por ter pedido propina ao dono de um dos restaurantes da Câmara. 

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