PT denuncia escuta ilegal

São Paulo

(AE) – O Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou ontem as provas de que houve escuta telefônica na Prefeitura de Santo André. De acordo com o partido as escutas foram concedidas de forma ilegal. Os pedidos de escuta foram concedidos em janeiro pelo juiz corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo), Maurício Lemos Porto Alves, a pedido da Polícia Federal que alegou que está investigando o tráfico de drogas. Entre os mais de 50 telefones que tiveram o sigilo autorizado, estão os telefones do prefeito de Santo André João Avamileno (PT) e de quatro secretários da prefeitura.

Segundo o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), que investigou a existência da escuta, os nomes do prefeito, do secretário e de outros integrantes do PT foram colocados de forma “insidiosa pela Polícia Federal para enganar o juiz”. “O juiz acreditou que tratava-se realmente de uma investigação sobre o tráfico de drogas. Ele foi iludido pela Polícia Federal”, disse.

As escutas telefônicas começaram a ser feitas em janeiro, logo depois do seqüestro e da morte do prefeito Celso Daniel. Em nenhum momento, de acordo com os documentos apresentados pelo PT a Polícia Federal afirmou que estava investigando a prefeitura de Santo André ou o assassinato de Celso Daniel. Em abril, no entanto, a Polícia Federal, apresentou um relatório intitulado “Operação Távola Redonda”, onde dizia que os pedidos de quebras de sigilo referiam-se as investigações sobre a de Daniel na favela Pantanal. “Mas neste relatório foram retirados todos os telefones ligados a administração”, contou Greenhalgh. “Ou seja, a Polícia Federal utilizou-se de um expediente ilegal para praticar espionagem política contra o PT”, acusou ele.

MP insiste em unir acusados

São Paulo

(AE) – O Ministério Público Estadual (MPE) vai recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ), até o final desta semana, da decisão do juiz titular da 1ª Vara Criminal de Santo André, Iasin Issa Ahmed, que rejeitou o pedido de prisão preventiva das seis pessoas envolvidas no suposto esquema de caixa 2 e arrecadação de propinas na Prefeitura de Santo André, durante a gestão do prefeito Celso Daniel (PT), assassinado em janeiro, para financiamento de campanhas do PT. O pedido de prisão foi indeferido pelo juiz na sexta-feira e o prazo de uma semana para apresentação do recurso expira na próxima sexta. “Mas vamos recorrer bem antes disso”, afirmou ontem o promotor Roberto Wider Filho, que comanda as investigações.

De acordo com o promotor, a prisão dos acusados é importante para garantir a integridade das testemunhas. “Há várias referências do uso de truculência e intimidação por parte dos denunciados”, lembrou Wider Filho. Assim que apresentou a denúncia do esquema de propina, o Ministério público pediu a prisão preventiva do secretário municipal de Serviços, Klinger Luiz de Oliveira Souza e do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, amigo pessoal de Celso Daniel e que se encontrava com ele no momento em que o prefeito foi seqüestrado.

Acusação

Os dois são acusados de comandarem a quadrilha articulada para arrecadar propinas, utilizando a prefeitura da cidade. Foram pedidas ainda as prisões dos empresários Ronan Maria Pinto, Humberto Tarcísio de Castro, Irineu Nicolino Martin Bianco e Luiz Marcondes de Freitas Junior, também acusados de participação no esquema.

Coleta de lixo irregular

São Paulo

(AE) – O promotor público de São Paulo, Amaro José Tomé Filho, que participa das investigações sobre a existência de cobrança de propina no sistema de transporte coletivo no município de Santo André, na região do Grande ABCD paulista, disse ontem que o Ministério Público recebeu denúncias de corrupção também nas áreas de coleta de lixo e de obras públicas na cidade.

A revelação foi feita ontem em revista concedida à reportagem da Rádio Eldorado AM/FM de São Paulo. Segundo ele, o Ministério Público vem investigando possíveis favorecimentos a empresas que estariam ligadas a integrantes da administração do PT em Santo André. “Como são muitos os casos, nós estamos ainda na fase intermediária da apuração. A partir desta semana, nós iremos estudar nossa pauta de investigação e verificar qual o melhor caminho a ser tomado”.

O promotor informou que esteve no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e que lá foram confirmadas irregularidades no contrato de coleta de lixo firmado entre a empresa Rotedale, que pertence ao empresário Ronan Maria Pinto, um dos denunciados no esquema de propina, e a Prefeitura de Santo André. Sobre as denúncias de corrupção no sistema de transporte coletivo no município, Tomé Filho afirmou que os empresários achacados pelo esquema já foram ouvidos pela promotoria e confirmaram todas as denúncias. O Ministério Público tem até hoje para interpor recurso contra a decisão da Justiça de Santo André, que não atendeu ao pedido de prisão dos supostos envolvidos.

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