Brasília – (AG) – O PT decidiu formar uma força-tarefa – composta por dez ministros e líderes nacionais do partido e que vai percorrer 30 cidades estratégicas na reta final das eleições municipais – para tentar vencer as eleições deste ano. A mobilização terá shows de artistas populares e a presença nas ruas de 700 mil filiados.
Os diretórios petistas receberam cinco milhões de adesivos, 500 mil bandeiras e 500 mil broches para dar volume à campanha. O objetivo é que os 2.200 candidatos petistas às prefeituras recebam este ano 15 milhões de votos, três milhões a mais do que os recebidos em 2000.
“Estamos disputando em 67 dos 90 maiores colégios eleitorais e liderando em 13 capitais. Isso nos dará a maior votação que um partido já recebeu em eleições municipais. Nós podemos chegar aos 15 milhões de votos”, diz o secretário de Assuntos Institucionais do PT, Paulo Ferreira.
Com candidatos liderando corrida em sete capitais e com chance de ir para o segundo turno em outras duas capitais, os petistas cumprirão um roteiro de comícios em 30 cidades nos dias 25 e 26, e 28 e 29.
Os municípios estão dentro das prioridades estabelecidas pela executiva nacional do PT: o candidato está em terceiro lugar, mas pode ir para o segundo turno; o candidato pode ganhar já no primeiro turno e é preciso reforçar a campanha para liquidar logo a fatura; a eleição tem um só turno e o candidato petista tem condições de ganhar.
Os escalados
Foram escalados para a força-tarefa nacional, além de José Dirceu (Casa Civil), que ontem esteve em Curitiba, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Tarso Genro (Educação), Olívio Dutra (Cidades), Humberto Costa (Saúde) e Marina Silva (Meio Ambiente), além dos senadores Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy, deputado João Paulo Cunha e, no comando, o presidente do PT, José Genoino. O secretário de Organização do PT, Gleber Naime, é que está solicitando aos ministros agenda livre nas quatro noites da última semana de campanha.
O comandante do maior sucesso obtido pelo governo Lula até agora, o ministro Antônio Palocci (Fazenda), continuará fora do esforço. Só participará dos comícios que desejar. “A decisão política do partido e do governo é de que o Palocci deve cuidar mais da economia. Não é bom misturar muito. O que ele fala num comício pode ser mal-interpretado no mercado”, diz Naime.
Entre as 30 cidades que receberão o reforço do time nacional do PT estão Aracaju, Belo Horizonte, Recife, Guarulhos (SP), além de Nova Iguaçu e Niterói, no Rio. Todas com chances de vitória no primeiro turno.
Partido resiste a novos candidatos
Brasília (AG) – Apesar de lançar candidatos próprios a prefeito em 23 das 26 capitais, o PT foi conservador na aposta de novos nomes, abandonou quase uma dezena de candidaturas País afora e priorizou as campanhas à reeleição. O resultado da estratégia de não correr riscos, adotada agora que está no comando do poder do País, será a eleição de velhos conhecidos dos eleitores e quase nenhuma surpresa ou cara nova, uma característica do PT nas campanhas anteriores.
Vários candidatos petistas, especialmente no Nordeste e no Norte, concorreram em situação de desvantagem em relação a colegas do Centro-Sul, sem um investimento do partido para que suas campanhas pudessem decolar. Tanto é assim que, nas capitais em que está liderando, o PT busca a reeleição ou está representado por nomes conhecidos, como o do ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont.
O caso mais notório de falta de ousadia do PT ocorreu em Fortaleza. A direção do partido preferiu apoiar Inácio Arruda (PCdoB), que despontava nas pesquisas, a apostar na deputada estadual Luizianne Lins, da ala mais à esquerda do partido. Para o presidente do PT, José Genoino, foi pragmatismo: “O PCdoB é parceiro do PT em quase todas as outras capitais onde somos cabeça-de- chapa. Não fazia sentido lançar candidatura própria onde eles tinham mais chances. A esquerda se dividiu no Ceará e o resultado disso poderá ser mandar para o segundo turno o PSDB e o PFL”, disse.
Para a cientista política Lúcia Hipólito, o PT tentou pavimentar a reeleição de Lula: “O PT optou pela cautela: diminuir os graus de incerteza, apostar em figuras carimbadas para pavimentar a reeleição de Lula. Não investiu em nomes novos ou polêmicos, que poderiam escapar do controle do partido ou criar dificuldades políticas nos estados”.
Capitais
Segundo ela, em capitais como Salvador e Rio, o partido foi conservador ao escolher nomes mais afinados com o governo. As candidaturas do baiano Nelson Pelegrino e do carioca Jorge Bittar sufocaram pretensões de colegas mais radicais como Walter Pinheiro ou Chico Alencar.
Genoino rebate a tese de que o PT só vai eleger velhos conhecidos. E cita como novidades, com chances de vitória ou de ir ao segundo turno, os candidatos Raul Filho (Palmas-TO), Raimundo Angelim (Rio Branco-AC), João Coser (Vitória-ES), Alexandre César (Cuiabá-MT) e Fernando Pimentel (Belo Horizonte-MG). Lindberg Farias, candidato em Nova Iguaçu, também é apontado pelo PT como a grande novidade desta eleição. Sobre os abandonados, ele justifica: “Há candidaturas que decolam e outras não. Não se pode imaginar que vai decolar por causa do diretório nacional. Isso não depende do partido, mas da situação política local”.