Recife – O clima da comemoração dos 25 anos do PT, hoje, no Recife (PE), não deverá ser amistoso. A esquerda do partido divulgou ontem uma ?Carta aberta aos petistas e às petistas? em que enfatiza a necessidade de mudanças na política econômica do governo; prega um reencontro com os compromissos históricos de defesa dos interesses de quem trabalha e produz as riquezas da nação; e defende que mais importante que o crescimento do PIB é o resgate do patrimônio ético do partido, com a recusa de práticas lesivas ao erário e à moralidade públicas, sem a prática do troca-troca fisiológico que tem caracterizado a política institucional do País.
A esquerda do partido também defende um partido independente do governo, considerado pelo vice-presidente nacional do PT e signatário da carta, Valter Pomar, como ?um governo de coalizão, de centro-esquerda?. ?O PT não pode ser transformado em correia de transmissão do governo, pois, se isso ocorrer, não haverá quem lute para alterar a correlação de forças que constrange o setor progressista do nosso próprio governo?, diz a carta, que defende ?um outro rumo, outro modelo econômico, totalmente distinto do recomendado pelo Fundo Monetário Internacional-FMI?.
Assinam a carta 12 tendências de esquerda do partido, que buscam unidade no lançamento de uma candidatura única à direção nacional do partido, que ocorre em setembro. Juntas essas tendências representam 31% do partido (estimativa de 2001), mas Pomar (articulação de esquerda) garante que as bases estão insatisfeitas e que esse percentual deve ser ampliado nas eleição.
Genoino
O presidente nacional do partido, José Genoino, disse em entrevista coletiva, depois da divulgação da Carta Aberta, e ao lado de Valter Pomar, ser um candidato à reeleição à presidência do partido ?sem estresse?. Ele confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participará da festa de hoje. Ele alegou falta de dinheiro do partido para bancar o deslocamento e a segurança do presidente.
Genoino admitiu que um dos grandes desafios do governo petista é fazer alianças sem perder a identidade e minimizou a disputa interna do partido, em que ele é o maior alvo de derrubada.
Em apenas dois anos, o PT colecionou mais dissabores que momentos felizes por conta das disputas internas. A primeira no governo Lula foi a saída dos dissidentes liderados pela senadora Heloisa Helena. E a mais recente, a perda da presidência da Câmara Federal, por conta de duas candidaturas petistas.