Para Berzoini, promesa de campanha, nem pensar!

Brasília – O novo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, assume o cargo avisando que não haverá resultado na queda da taxa de desemprego a curto prazo. Ele reconhece a dificuldade de cumprir a meta da campanha presidencial do PT de criar dez milhões de empregos em quatro anos.

Na noite de sexta-feira, após o anúncio da reforma ministerial, Berzoini já discutia e analisava pela primeira vez os problemas da nova pasta. Na pauta, além do combate ao desemprego, estava a o aumento do salário mínimo. Berzoini é considerado pelo PT um político para cumprir missões delicadas. Ele entrou no governo com a tarefa de fazer a difícil reforma da Previdência. Foi alertado de que sofreria desgastes por comandar um debate impopular. Agora, terá a responsabilidade de cumprir uma promessa de campanha quase impossível.

“O combate ao desemprego não é uma tarefa fácil. Não teremos resultados brilhantes a curto prazo. O fundamental é pôr o Brasil na rota do crescimento e recuperar a renda do trabalhador. Porque emprego gera emprego”, diz.

Segundo Berzoini, três pilares serão as prioridades para incentivar o emprego: a construção civil (habitação e saneamento), a agricultura e o setor de serviços. Ele argumenta que essas áreas são capazes de dar uma resposta mais imediata ao problema por usar uma quantidade maior de mão-de-obra do que, por exemplo, o setor automotivo, que é automatizado.

“O emprego não é uma questão só do ministério, mas do governo. A política econômica é que vai possibilitar o crescimento. Agora, não adianta crescer sem estratégia”, observa. Em linha oposta a que defendeu durante o ano que passou à frente do Ministério da Previdência, em que qualquer reajuste do salário mínimo tem forte impacto financeiro, o novo ministro do Trabalho aposta numa boa surpresa para os trabalhadores este ano: um aumento real do salário mínimo mais expressivo do que o esperado. A previsão que consta do Orçamento da União é de R$ 274 para este ano. Mas ele é cauteloso e evita falar num valor máximo.

“A expectativa é que a arrecadação do Tesouro e mesmo da Previdência surpreendam e, com isso, possamos dar um aumento real do mínimo. O desempenho da arrecadação será decisivo para um aumento mais expressivo”, aposta Berzoini.

Como indicador positivo para o aumento do mínimo, ele apresenta o aumento de 12,3% da arrecadação da Previdência em 2003, valor que ficou acima da inflação. Mesmo assim, o ministro avisa que só em março será possível uma decisão.

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