Brasília – O chefe da Casa Civil, José Dirceu e o presidente nacional do PT, José Genoino, disseram ontem respeitar a greve dos servidores públicos federais a partir do próximo dia 8. Dirceu disse que os servidores tem espaço no Congresso e na sociedade para defender suas propostas e Genoíno afirmou que considera democrática a greve em protesto contra a reforma da Previdência. “A greve é democrática. Devemos respeitá-la, mas temos divergências com os servidores porque a bandeira principal dessa greve é a retirada da proposta da Previdência.”
Apesar dessas declarações, o governo aposta na divisão do movimento dos funcionários públicos federais para evitar que a greve geral seja deflagrada no dia 8, conforme decisão em plenária realizada no sábado, em Brasília. A ala governista da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que domina 74% dos cargos da entidade, é contrária à greve. A mesma corrente defende negociações no Congresso para mudanças no projeto de reforma da Previdência. Os setores minoritários da central sindical, controlados pelo PSTU, querem a paralisação e a retirada da proposta de reforma da Previdência.
A principal razão para a ameaça de greve é a luta contra a idéia de reforma, que prevê a taxação das aposentadorias e pensões de funcionários públicos aposentados acima de R$ 1.058 00 e aumento da idade mínima de 48 anos para 55, para mulheres, e de 53 anos para 60, quando homens. A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) e secretária-geral da CUT, Denise Motta, afirmou que a intenção da central é negociar com o governo e os parlamentares mudanças no plano de reforma.
Os setores mais à esquerda, que controlam a Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), por exemplo, exigem a retirada do texto da mudança da Previdência. “Só não faremos a greve se o governo recuar e retirar o projeto do Congresso”, disse o integrante da Fenasps Jorge Moreira, ligado ao PSTU. “A greve está marcada. Uma rediscussão, só se aparecer algo convincente, como a retirada do projeto.”
De acordo com o tesoureiro do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Antônio Luiz de Andrade, a CUT vai “no contrafluxo do movimento”.
“A CUT sempre foi um pilar de sustentação do movimento e, agora, está numa situação ambígua. O Luiz Marinho (presidente da entidade) tem de responder para sua base quais são seus compromissos políticos”, afirmou.