Brasília – O presidente nacional do PT, José Genoino, recusou-se ontem a comentar as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que aceita ser pré-candidato a presidente da República e de que a situação política hoje está melhor do que os tucanos esperavam, "porque o governo erra demais". "Eu não vou fazer comentários sobre o que diz Fernando Henrique, porque nós, ao contrário deles, não estamos em campanha", disse Genoino. As declarações de FHC foram feitas durante jantar com a alta cúpula do PSDB, na quarta-feira, horas antes de ele se juntar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para embarcar no avião presidencial, que os levou a Roma, onde assistiram aos funerais do papa João Paulo II.
Embora Genoino tenha se recusado a responder a Fernando Henrique, outros petistas criticaram o ex-presidente. O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), disse que as declarações de FHC foram uma provocação ao governo federal e ao PT, principalmente porque ocorreram horas antes de o ex-presidente encontrar-se com Lula. "Como sempre, Fernando Henrique continua fora da realidade do País. Na verdade, ele tenta provocar o PT e o governo para antecipar a campanha eleitoral de 2006", disse no portal do PT na internet, o líder Paulo Rocha. "Dizer isso antes de embarcar com Lula em uma viagem para ir aos funerais do papa é de uma inconveniência que o desqualifica", emendou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
As declarações de FHC foram feitas em jantar na casa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), quando o ex-presidente também afirmou que aceita ser opção para disputar novamente a Presidência da República. Do jantar participaram ainda o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), e o secretário da Casa Civil do governo de São Paulo, Arnaldo Madeira.
Na avaliação de Paulo Rocha, as declarações do ex-presidente têm por objetivo antecipar a campanha eleitoral de 2006. "Essas frases de efeito servem apenas para provocar o PT e o governo. O País está bem, a economia está bem. É só comparar os dois governos, o de Lula e o de FHC. Vamos ver o desempenho na inflação, nos juros, nos índices de crescimento", disse o líder do PT na Câmara.
Presidente diz que é amigo de FHC
Roma – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu a mais uma metáfora futebolística para explicar a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na comitiva que foi a Roma para o enterro do papa João Paulo II. Indagado se a presença do tucano era uma declaração de paz entre os dois, Lula disse que as diferenças entre políticos devem ser vistas com certa naturalidade, assim como no futebol, e usou o exemplo dos dois Ronaldinhos da seleção brasileira, que são companheiros na seleção mas adversários no campeonato espanhol. Lula disse que a política não é diferente e lembrou que mantém relações de amizade com FH há muitos anos.
"Eu tenho relações de amizade com o presidente Fernando Henrique Cardoso quando ele sequer havia sido eleito senador, era suplente de senador. Eu tenho amizade com ele. Então, eu tenho que tratá-lo de forma civilizada e ele a mim. No momento em que a gente tiver que ter disputa, vamos ter, mas eu acho que tem muito mais momentos de confluência do que de disputa", disse Lula.