Brasília – Antes mesmo de ter o registro definitivo, o partido que se propõe a ser uma nova alternativa política, o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), se vê às voltas com o troca-troca de filiados. Um de seus fundadores, o deputado João Fontes (SE), trocou o partido pelo PDT. Em compensação, o Psol ganhou ontem a adesão do senador Geraldo Mesquita (AC), que se desligou do PSB há cerca de 40 dias. Mesquita vai integrar a ?bancada? no Senado, juntamente com a senadora Heloísa Helena (AL). Ela é tida como a ?estrela? da legenda e a sua popularidade medida em pesquisas indica que teria hoje 4% da preferência do eleitorado na eleição à Presidência da República.

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Heloisa Helena confirmou que vai disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. ?Mas se eu fosse oportunista, jamais entraria numa tarefa de alta complexidade como essa?, afirmou. Segundo ela, com mais de 430 mil assinaturas coletadas, seu partido deve obter o registro provisório em menos de dois meses. A senadora e seus colegas correligionários, deputados João Batista Oliveira de Araujo (PA), o Babá, e Luciana Genro (RS), iniciaram a construção da legenda depois de terem sido expulsos do PT, em dezembro de 2004, por contestarem os rumos assumidos pelo partido no governo.

Geraldo Mesquita disse que optou pelo Psol por considerá-lo ?uma opção pelo trem popular enquanto os demais escolheram o trem da alegria?. Ele criticou o PSB. Disse que o partido ?se conformou em gravitar na periferia da periferia do poder? e que ?age como uma avestruz que enfiou a cabeça no buraco e espera o tempo passar?.

Como prova da alienação de seus ex-colegas, lembrou que foi o PSB o único partido que não se manifestou a respeito da Medida Provisória 232, que aumentou os impostos das prestadoras de serviços e corrigiu a tabela do Imposto de Renda em 10%. Todos os demais partidos foram contra a MP 232, sendo que algum deles, como o PFL, chegaram a entrar na Justiça, enquanto os demais engrossaram protestos e movimentos da sociedade civil.

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Mesquita disse que o seu descontentamento não é recente e surgiu no início do mandato, quando recebeu dos líderes da base aliada a tarefa de relatar a denúncia que decidiria sobre a abertura ou não de processo no Conselho de Ética contra o senador Antônio Carlos Magalhães, acusado de ter participado do esquema de escutas clandestinas na Bahia. Ele disse ter sido ?pressionado?, na ocasião, ?inclusive pelo PT?, para dar um parecer contrário, apesar de ter em mãos ?provas borbulhantes da acusação?. Por estas e por outras, ele preferiu mudar de ninho.