Autor de duas representações contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o PSOL vai examinar na próxima semana se também pedirá ao Conselho de Ética da Casa que investigue a denúncia da revista Veja, de que o parlamentar é dono oculto de duas emissoras de rádio em Alagoas.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) confirmou que o partido vai discutir o assunto, que pode complicar ainda mais a situação do presidente do Senado, ameaçado de perder o mandato pela suspeita de ter permitido que a empreiteira Mendes Júnior pagasse despesas pessoais suas.
Schincariol
Na próxima terça-feira, às 10 horas, o primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), vai reunir a Mesa Diretora para examinar outro pedido do PSOL para investigar suposto favorecimento de Renan para a cervejaria Schincariol.
A empresa pagou R$ 27 milhões por uma fábrica de refrigerante pertencente ao irmão de Renan, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), que estava prestes a fechar as portas. Em troca, supostamente, Renan, então ministro da Justiça, teria ajudado a empresa para lidar com dívidas com o governo.
Empresas de comunicação
Já bastante pressionado, Renan agora se vê às voltas com a suspeita de que teria usado laranjas para comprar uma empresa de comunicação em Alagoas por R$ 1,3 milhão, usando dinheiro vivo em reais e em dólar, segundo revelações da revista Veja desta semana.
A revista conta que atualmente o presidente do Senado seria dono de duas emissoras de rádio no Estado que valem R$ 2,5 milhões e que foi sócio, junto com o usineiro e ex-deputado João Lyra (PTB-AL), do jornal diário "O Jornal" até dois anos atrás. As rádios, no entanto, não estão em nome do senador.
De acordo com a revista, a compra do grupo "O Jornal", que tinha à época o jornal diário e a concessão de uma rádio, atual Rádio Correio, teria acontecido no final de 1998 para atender as pretensões do senador de se candidatar ao governo do Estado nas eleições seguintes. O grupo "O Jornal" era de propriedade do empresário Nazário Pimentel. Na reportagem da revista, o empresário admitiu que a negociação foi feita por Renan Calheiros.
Laranja
Renan e Lyra, segundo Veja, criaram a empresa JR Radiofusão, cujo registro oficial foi feito em nome de Carlos Ricardo Santa Ritta, funcionário do gabinete de Renan e que seria o laranja do senador, e do corretor de imóveis José Carlos Pacheco Paes, representante de Lyra.
Em 2005, a sociedade foi desfeita com a saída do representante de Lyra e a entrada, em seu lugar, de Tito Uchoa, primo de Renan. A empresa ainda teve alteração contratual com a transferência da participação de Carlos Santa Ritta na sociedade para Renan Calheiros Filho, o Renanzinho, filho do senador.
No ano passado, o Ministério das Comunicações liberou à JR a concessão de uma rádio FM para operar no interior de Alagoas, a Rádio Porto Real.
A outorga foi aprovada pelo Congresso em abril deste ano. De acordo com a Veja, na época da concessão, a JR já estava em nome do filho e do primo do Renan, mas no registros do Ministério das Comunicações, a empresa de radiofusão ainda pertence a Carlos Ricardo Santa Ritta e José Carlos Pacheco Paes.