A ex-senadora Heloísa Helena, presidente nacional do PSOL, disse neste domingo (10) que o partido aumentará a pressão pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o relacionamento de empreiteiras com autoridades do Executivo e do Legislativo. Ela defendeu que uma única CPI aprofunde a investigação de casos como os que envolvem a construtora Gautama o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva.
"São casos semelhantes: tráfico de influência, intermediação de interesse privado e exploração de prestígio", argumentou Heloísa no encerramento do 1º Congresso do PSOL, no Rio. "A CPI poderia discutir a triangulação do propinódromo no Executivo, no Legislativo e em setores empresariais."
Heloísa evitou opinar sobre o envolvimento do irmão do presidente com a máfia dos caça-níqueis, mas manifestou preocupação com os indícios de que Dario Morelli Filho, compadre de Lula, foi alertado sobre a ação policial que terminou com a sua prisão. "É muito grave. Se o presidente da República ou um ministro informa alguém que é investigado o que lhe acontece, isso dá todas as condições para que ele obstaculize as investigações, escondendo provas. O Executivo prevarica e obstrui a investigação, o que já daria até crime de responsabilidade", disse.
Autor da representação contra Renan Calheiros no Conselho de Ética do Senado, o PSOL pretende, a partir deste domingo, aumentar a pressão pela convocação da jornalista Mônica Veloso, que desmentiu o depoimento do lobista da Mendes Júnior, Cláudio Gontijo, sobre o pagamento da pensão da filha que tem com o senador. Por meio do senador José Nery (PSOL-PA), o partido enviará ao relator do processo de Renan, senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), uma lista com sugestões de nomes que deveriam ser convocados encabeçada por Mônica.
Reeleição
Heloísa Helena foi reeleita neste domingo presidente do PSOL durante o primeiro congresso da legenda, criada em 2004 por dissidentes do PT. A chapa de Heloísa venceu outras três com 467 votos dos 739 delegados que votaram. Além de não ter conseguido formar chapa única, a ex-senadora foi derrotada na sua posição contra o aborto. Ela discursou manifestando sua "convicção espiritual e científica", mas o PSOL aprovou uma moção de apoio à legalização do aborto. Heloísa chegou a ser vaiada quando disse não acreditar nos dados sobre a mortalidade de mulheres em abortos clandestinos.